O termo Guerrilha na atualidade faz parte do senso comum e é visto no noticiário, relacionado geralmente a ações e proposta terroristas.
Originalmente Guerrilha significa "pequena guerra" e hoje dá sentido ao modo de luta não convencional baseado em grande mobilidade, ocultação e emboscadas. Numa guerrilha não existe embates frontais por um motivo muito simples... a Guerrilha é a alternativa do mais fraco. E historicamente demonstra resultados espantosos.
Em Canudos, muito antes da idéia de Guerrilha ser tema de noticiário, esse modelo era amplamente utilizado com sucesso estrondoso. Mas sejamos justos, os canudenses seguiam a herança nossos Índios. Muito antes de Canudos os Índios do sertão Brasileiro eram especialistas nesse tipo de luta.
Em Belo Monte, os conselheiristas adotaram várias técnicas que fizeram história muito tempo depois. A edição da revista Aventuras na História (nº69 de Abril de 2009) apresenta um apanhado valioso delas. As destaco a seguir.
O exército Brasileiro no sertão bahiano, além de sofrer com as temperaturas e a falta de água e suprimentos adequados tinha de lutar com um inimigo muitas vezes invisível. Os sertanejos, com roupas de couro cru, confundiam-se com a vegetação e a terra seca. Pajeú e Macambira idealizaram e executaram centenas de ações com seus homens aparecendo entre a caatinga e as pedras e logo após desaparecendo. O exército não tinha fardamento único, mas os tons de Azul da época eram facilmente visíveis.
Além disso, essas escaramuças eram usadas para dilapidar os suprimentos da tropa. Alvo constante de armadilhas, as carroças de munição e víveres, eram preocupação constante dos soldados, dividindo a atenção e causando instabilidade.
Seguindo a tradição indígena, os corpos do inimigo eram expostos empalados, desmembrados ou decapitados nos acessos a povoação e nos lugares por onde chegavam os soldados, com um claro aviso de que a morte os esperava.
Porém, real instabilidade vivia a tropa em marcha ou durante o sítio. A estratégia de "Atiradores de Elite" era onipresente. A intervalos regulares, quer fosse dia ou noite, atiradores de diversos pontos alvejavam a tropa e mais do que soldados, abatiam a moral da tropa. Além disso, a preferência clara por alvos "oficiais" ficou patente durante o conflito. Ser um Oficial de Comando no cerco a Canudos significava atenção constante.
A falta de padrão do Exército Brasileiro permitiu outra tática surpreendente, a infiltração. Sertanejos vestiam as roupas dos soldados mortos e entravam na tropa, trazendo informações e sabotando equipamentos e instalações.
Por fim, os túneis. A vila era recortada por túneis que ligavam todas as áreas de Belo Monte. O que facilitava o trânsito de combatentes e suprimentos por toda parte. Foi essa estratégia que dificultou ferozmente a invasão do povoado. A cada setor tomado pelo exército outro já dominado se insurgia. Diversas vezes os soldados se viram em fogo cruzado vindo de locais em que acabaram de conquistar.
Além de bravura, o "negroide atarracado e subnutrido"(como definia o exército) tinha inteligência. Viva Canudos!!!
2 comentários:
Viva a resistência sertaneja...
Alguém ainda gosta do Euclides da Cunha ?? Ah, e se os cangaceiros do Virgulino Lampião já existissem nessa época ... A República recente de Floriano Peixoto e Marechal Deodoro da Fonsenca ia ficar humilhada perante o povo de perder batalhas que nem aquelas !!!!!!
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