sexta-feira, 12 de junho de 2009

H1N1, Pandemia e as Indústrias Farmacêuticas

Fomos(a humanidade) brindados logo ao café da manhã com o anúncioda Novartis AG da produção do primeiro lote de vacina para a nova gripe. Um dia após a declaração de Pandemia de H1N1 feito pela Organização Mundial de Saúde - OMS.

Primeiro é importante qualificar o que significa uma Pandemia. Em relação a contágio e disseminação de doenças temos três classificações básicas. Endemia, Epidemia e Pandemia.

Endemia é uma doença que é característica de uma região ou habitat, é restrita a uma área e ocorre de forma constante ao longo do tempo. Epidemia é um surto de infecção em uma grande região que se alastra rapidamente e depois tende a se estabilizar. Pandemia é uma epidemia em grandes proporções que ocorrem em nível continental ou global.

A OMS possui 6 níveis de precaução para infecções graves. Fase1 é quando tá tudo ok. Fase 2 é quando algum novo tipo de vírus pode afetar humanos. Fase 3 é quando algum tipo de vírus é transmitido a humanos por outros vetores (animal ou alimentar). Fase 4 é quando é descoberta a possibilidade de transmissão da infecção entre humanos. Fase 5 é quando há transmissão entre humanos e se transforma na principal forma de contágio. Fase 6 é quando a infecção se alastra tendo vários focos em diferentes regiões. Estamos na Fase 6, quando é declarada a Pandemia.

Só que o Post foi para falar do anúncio da "Vacina" e não sobre epidemiologia.

O reclame da Novartis AG, na prática, não muda nada de imediato porque o primeiro lote será exclusivo para testes e na melhor das hipóteses poderá ser aprovado com diferentes níveis de eficácia em no mínimo 60 dias. A única coisa em questão no anúncio é marketing. É uma tentativa de garantir mercado e potencializar a marca. Normalmente o anúncio só é feito após os testes e aprovação. A confiança, a necessidade e a concorrência são tantas que estão anunciando quase um protótipo já informando a construção de uma nova fábrica para produzir o químico.

Digo uma coisa, se tem alguém que não deveria pegar fila na entrada do Inferno são os executivos da Farmacêuticas. A Dra. Márcia Angell, que é Professora de Medicina Social de Harvard, a um bom tempo nos premia com informações e dados interessantes sobre o mercado de medicamentos.

É notória a promiscuidade da classe médica com as Indústrias de remédios. Elas financiam congressos, viagens, dão prêmios, presentes, empréstimos e toda sorte de mimos para médicos. Lembro de um médico amigo ter ganho um notebook como brinde aos participantes de um congresso(legal eles né?). Os estudantes de medicina já são "bulinados" por elas bem antes da formatura(elas financiam até calourada).

Fato é que as novas drogas médicas são cada vez mais caras que as antigas e justifica-se esse ágio pela "caristia" das pesquisas, porém a mais de uma década essas empresas gastam mais com marketing do que com pesquisas. Isso mesmo, gastam cerca de 15% do seu orçamento com pesquisas, bem menos que com propaganda e administração.

Para se ter uma idéia, em 2002, dos 78 medicamentos novos aprovados pela FDA(Food and Drug Administration - EUA) apenas 7 foram classificadas como avanço em tratamento, a outras 71 drogas eram meras variações do que já havia no mercado. Resumindo; criam novos remédios mais caros e com igual efeito apenas para aumentar os lucros.

Outro fato importante é que qualquer TOP10 de empresas mais lucrativas do planeta tem em sua composição, boa parte de Farmacêuticas(lideraram o ranking durante décadas). Em média elas lucram 3x mais que outros tipos de negócios.

Como se não bastasse isso tudo, a longa e aterradora história que se repete a décadas do uso de populações pobres na África, Ásia, América Central e América do Sul como cobaias é notória. Porto Rico, por exemplo, foi a alternativa usada para testar os anticoncepcionais pelas indústrias americanas sob o apoio do exército do TIO SAM, antes disso, testavam nos negros do sul e nos doentes e retardados mentais. Empresas européias, algumas atuantes desde o período nazista, ainda testam medicamentos nas ex-colônias africanas descaradamente.

Porém, contudo, todavia, entretanto... é com pobre, e isso definitivamente não dá IBOPE, se ainda fosse um acidente só com pessoas distintas(ricas!), era manchete no mundo todo, causando indignação e comoção.

Os remédios são importes e as vezes vitais, mas SAÚDE não pode ser NEGÓCIO.

Um comentário:

Luciana Nepomuceno disse...

Então pandemis é o que está se tornando seu blog, hehehe