quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Batalha do Apocalipse

Acabei de ler a poucos dias. Gostei e não gostei na mesma medida.

O fio da história é excelente. O autor, Eduardo Spohr, conseguiu um história muito boa. Fantástica em alguns momentos. Pecou na execução. Resumindo: o enredo é elogiável, muito bom mesmo, conseguiu deixar-me surpreso e admirado, contudo a execução necessita de reparos.

O roteiro é excelente, cheio de surpresas, referências e ideias que me surpreenderam e alegraram. Realmente é uma composição notável.

A obra e o autor necessitam urgentemente de revisor de Português e de roteiro. Existem muitos erros de português na obra. Vários que se repetem. E olhem que eu não sou bom nisso. Em geral vou lendo e encontro coisas que "soam estranho" entre as linhas, aí vou procurar, consulto o Google, pergunto a minha amada, ao meu pai e consigo achar o erro. Para quem é bom em português de verdade, alguns trechos devem gerar assombro. Já foram várias edições, não há motivo para não terem revisado o texto.

Outro aspecto é a mistura de uma narrativa formal salpicada de gírias coloquiais. Numa mesma frase, que vem escrita de maneira formal, podemos achar um termo coloquial como "sarada". É estilo, mas incomum. Não faço crítica a isso, mas é uma característica do texto.

Achei de péssimo tom, na orelha do livro, compararem a obra com Tolkien. É forçar muito a barra. O autor tem grandes méritos, inegáveis, mas compará-lo a Tolkien por essa obra é uma inaceitável sandice.

O texto inicia em 3ª pessoa. Evolui e repentinamente, de um capítulo para o outro, muda para 1ª pessoa. Depois retorna a 3ª pessoa até o fim da obra. Embora algumas pessoas possam gostar, achar inovador, não me agradou. Não é errado, até onde sei. Mas achei estranho. Nada que elimine a qualidade da estória.

Quem for religioso ferrenho, que considere a Bíblia um livro escrito direto pela força divina influenciando a mão de "profetas" não irá gostar do livro e dificilmente o lerá até o fim. Para algumas visões religiosas o livro é um pecado só e um desrespeito. Eu não acho assim, mas conheço muita gente querida que achará o livro digno de fogo.

Porém, o que mais me incomodou foi a incongruência de alguns detalhes da estória. Tem lutas em que é dito "braço deslocado" e parágrafos depois "braço quebrado", referindo-se ao mesmo ferimento. Noutro ponto afirma que a muralha tinha 50 metros, mas ao longe podia-se ver sobre a muralha um prédio de 5 andares... como? Entendi que o prédio deva estar numa elevação, mas não fica claro. Noutro trecho a espada está vinculada ao anjo, e sem ele vira pó, para muitas páginas depois um anjo, após perder a sua espada, pega a de outro anjo morto. Alguns embates entre personagens carecem de "isonomia" com o resto do livro. É como se o herói ganhasse de um tigre com facilidade e ficasse por um fio lutando contra um gato. Mas todas essas coisas que me incomodam bastante, costumam passar despercebidas. São detalhes.

Mesmo assim o livro merece ser lido. Eu gostei e desgostei rsrsrs

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Beradêro

(escute)
Os olhos tristes da fita
Rodando no gravador
Uma moça cosendo roupa
Com a linha do Equador
E a voz da Santa dizendo
O que é que eu tô fazendo
Cá em cima desse andor
A tinta pinta o asfalto
Enfeita a alma motorista
É a cor na cor da cidade
Batom no lábio nortista
O olhar vê tons tão sudestes
E o beijo que vós me nordestes
Arranha céu da boca paulista
Cadeiras elétricas da baiana
Sentença que o turista cheire
E os sem amor os sem teto
Os sem paixão sem alqueire
No peito dos sem peito uma seta
E a cigana analfabeta
Lendo a mão de Paulo Freire
A contenteza do triste
Tristezura do contente
Vozes de faca cortando
Como o riso da serpente
São sons de sins, não contudo
Pé quebrado verso mudo
Grito no hospital da gente
Iê iê iê, iê iê iêIê iê Iê, iê iê iê
Catulé do Rocha
Praça de guerra
Catulé do Rocha
Onde o homem bode berra (repete)
Bari bari bari
Tem uma bala no meu corpo
Bari bari bari
E não é bala de côco (repete)
São sons, são sons de sins
São sons, são sons de sins
São sons, são sons de sins
Não contudo
Pé quebrado, verso mudo
Grito no hospital da gente.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Jogador de Futebol, Dinheiro e Preconceito

Este post é contra o preconceito travestido de criticidade acerca do negócio futebol e os ganhos dos jogadores. Já falei sobre isso antes, mas volto ao assunto.
É comum ver pessoas "conscientes", em bares, restaurantes, elevadores, salas de reunião e transportes coletivos descarregarem uma saraivada de críticas sobre o valor dos salários dos jogadores. Parte desses críticos não entende "lhufas" de futebol e outros apenas repetem o que ouviram de um professor, advogado, médico, sindico ou o que o quer o valha com um ar de "sabideza" iluminada.

Fala-se do "absurdo" fato de um jogador ganhar mais de 1 milhão para chutar uma bola; "só para chutar uma bola!". Destaca-se que o médico ganha "Y", o professor ganha "W", o policial ganha "Z" que são profissões mais "importantes" que a de jogador.

Essa é uma falácia gasta e preconceituosa.

Concordo plenamente que Médicos, Professores, Policiais e várias outras profissões devam ganhar bem. Destas destaco apenas que os médicos já ganham muito bem (e muito). A ideia de que o médico ganha mal é uma informação parcial e manipulada. Ocorre que alguns acham que ganhar 10 mil reais numa jornada inferior a 40 horas semanais é pouco. E sou plenamente de acordo com o que ganham os jogadores de futebol, aliás, acho que eles deveriam ganhar mais como categoria. Não que eu ache o salário do Ronaldinho pequeno, eu explico...

Considero que a crítica nasce do nosso preconceito comum sobre a dicotomia criada entre "trabalho manual" e "trabalho intelectual". Desde a Grécia antiga, quando Sócrates convenceu a todos que o importante na vida era a "razão", definimos que tudo o que for intelectual é valioso e tudo o que é manual é superficial e portanto, sem valor.

Dessa forma organizamos nossa sociedade acreditando que toda atividade física é de "menor valor", indigna da "elite", indigna de pessoas capazes e com formação universitária. Atividades físicas tornaram-se, na nossa cultura de origem escravista e acomodada, próprias das massas iletradas e escuras, que só poderiam contribuir com atividades simples, muitas delas que dependiam da força física, equiparadas a atividade de animais de carga em sua condição de "irracionalidade".

Claramente acredito que o incômodo com o ganho dos jogadores provém daí. Como uma pessoa ganham 1 milhão para desempenhar uma atividade física se eu, que sou professor, e trabalho com algo muito mais valioso, que é o intelecto, ganho pouco? "ABSURDO!!!?

Será?

Ser jogador de futebol no Brasil é uma profissão de risco a curto, médio e longo prazo. Começa-se cedo, por volta dos 12 anos, treina-se muito, o que acaba inviabilizando o estudo formal e a consequente falta de capacitação profissional para qualquer outra função. A profissionalização no futebol, na prática, ocorre por volta dos 16 anos, quando inicia-se uma vida de altos e baixos e de muito trabalho.

A carreira acaba cedo. Por volta dos 34 anos de idade a maioria dos jogadores está aposentada. São no máximo 20 anos de atividade profissional. quando dá certo, ótimo, quando não, a pessoa está fadada a ter uma vida de dificuldades.

O Blog da Oficina de Jornalismo da Faculdade CCAA apresenta que:
"Segundo a CBF, dos 14.876 mil atletas registrados em 2010, quase 9.000 ganham até um salário mínimo, ou seja, cerca de 60% dos jogadores vivem com menos de R$600 mensais. O ranking ainda contabiliza, aproximadamente, 9% de jogadores que recebem salários acima de R$2.500 e apenas 4% que recebem acima dos R$10 mil mensais – salário que, ainda assim, estaria longe dos que recebem as estrelas do futebol brasileiro. Estima-se que somente 1% dos jogadores brasileiros receba mais de R$100 mil por mês, dentro e fora do país."

Isso mostra que os grandes salários são para poucos jogadores.

Os melhores salários no Brasil estão nas equipes da série A e B do campeonato Brasileiro. São 40 equipes, 20 em cada divisão. Levando em conta que cada clube tem em seu elenco aproximadamente 30 jogadores, mesmo que parte deles seja oriundo do time juniores (que ganha pouco ainda), isso significa que o mercado da bola no Brasil resume-se a no máximo 1200 vagas distribuídas de forma irregular pelas regiões do país. O jogador mediano assina contratos curtos, tem seus direitos trabalhistas desrespeitados, e passam uma parte do ano desempregados.

Como se isso não bastasse o trabalhador do futebol tem de conviver com as temidas lesões. Quando se tem contrato vigente o mal é menor, quando não corre-se o risco de encerrar a carreira e ficar à mercê da caridade alheia ou do amparo familiar.

Mesmo assim é um meio de ascensão social maravilhoso. E para os virtuoses da bola, gênios como Neymar e Ronaldinho Gaúcho, é justo e merecido que recebam salários altos. Porque é justo que num negócio em que se movimentam valores na casa dos milhões a "estrela da festa"
ganhe proporcional. O orçamento anual dos grandes clubes é superior aos 60milhões de reais. Para alguns, é superior a 100milhões por ano. Isso significa que a circulação de recurso no clube é maior que 10milhões por mês. É justo que nesse patamar o clube tenha uma folha salarial do departamento de futebol por volta dos 3 milhões. Para um incomparável Neymar, é justo ganhar 1,5milhão, porque ele gera mais que isso ao clube.

Parece-me que ninguém falaria mal de um profissional intelectual que ganhasse 300mil numa empresa que ele ajuda a obter lucros acima de 3milhões de reais. O futebol é um negócio e o valor do salário dos jogadores deve ser compatível com a movimentação financeira que eles promovem. Criticar seus ganhos porque vieram de favelas, porque são negros, porque fazem um "trabalho braçal" é puro PRECONCEITO.
E o que o Neymar faz quase ninguém no planeta faz... isso tem um valor inestimável. E se toda atividade física for subvalorizada, o que faremos com a arte? A que nível legaremos os escultores e pintores? De que valerá um Rodin? Alguém supõe que ele tenha feito sua obra maravilhosa com a força da mente? Quanto valerá um Monet? Um Van Gogh? Alguns deles nunca frequentaram os bancos das escolas de belas artes... alguns não sabiam escrever e outros eram feios, escuros e sujos... o "trabalho braçal" deles não vale nada?
Repito; os jogadores como categoria devem ganhar melhor. Os grandes astros ganham o justo. E os pretensos "intelectuais críticos" que tentam desmerecer o trabalho dos jogadores são tolos preconceituosos.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Retina


Talvez hoje deseje ser alguém normal,
Talvez entenda, de uma vez por todas, que ser errante tem seu preço,
E como é amargo não mentir facilmente.

Quem dera ser comum no entendimento,
Não ser esquerdo e comungar com todos,
Porque é custoso estar à frente, estar atrás, ser renitente.

E gostaria hoje, olhar a parede e só ver tijolos,
Encontrar os pés e contar os dedos,
Achar natural, sem estranheza, ser indolente.

Talvez nesta data esteja faminto,
Esteja zangado e desiludido,
Esteja tão tosco como antigamente.

Quem sabe esteja perdido, sufocado e desguarnecido,
No limbo entre o que poderia e o que se é,
Na usura de viver tão tolamente.

Évio

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Enem 2011... a polêmica...

Voltei para falar disso.

De fato sinto-me atingido de todos os lados por essa questão. Tenho minha moça participando e familiares queridos idem. Inclusive uma maravilhosa prima no olho do furacão, aluna do Christus e provável "repetente" da prova de 2011.

Primeiro vamos pensar sobre o ENEM.

Eu concordo plenamente com a proposta do pleito nacional. Acho que ele avança "anos luz" em nosso processo educacional. Ele não só garante acesso irrestrito, articulando pelo SISU todas as possibilidades para o "vestibulando" em todo o país, como, sutilmente, inicia a mudança de paradigma fundamental no ensino médio, ele exige que o candidato saiba "pensar"!!! Ora, "ensinar a pensar" é muito mais complexo. Ensinar a refletir exige um certo grau de autonomia e um certo nível de discernimento. Alunos capazes que não tiveram chance de adquirir uma "formação adequada", ou "particular" em geral, podem concorrer, a certo nível com alunos ultra informados que possuam um nível rasteiro de reflexão. O ENEM proporciona uma mudança de paradigma na educação brasileira.

O fato é que existe muito dinheiro e muito interesse envolvido nesse imbróglio. Muita gente deseja o fim do ENEM, porque é muito mais fácil ensinar um aluno a "decorar" certas coisas do que aprender a "pensar" sobre a realidade. A maioria dos professores "renomados" do ensino médio que conheço repudiam o ENEM, justificando que esse processo não mede adequadamente o conhecimento do aluno. Mas a questão a meu ver, é outra... há menos controle sobre a ponte entre o que se ensina e o que se cobra na prova. A redação é alvo das maiores críticas.

A redação do ENEM é corrigida por dois professores. A nota final é uma média simples entre eles. Para o sistema uma variação de até 300 pontos (vale de 0 a 1000) é aceitável. Eu acho muito, mesmo assim não é o fim do mundo! Para o ENEM o conteúdo da redação conta. O argumento vale ponto. Não basta apenas escrever corretamente, tem de ter conteúdo. Esse é o problema do ensino médio brasileiro. Faz muito tempo que bastava ensinar a escrever correto. Caso o aluno redigisse sem nenhum erro de concordância, ortografia, pontuação, dentro das linhas e do tema, era 10!!!! Podia ser a imbecilidade que fosse! Era 10. Hoje não é assim, tem de ter argumento.

Ocorre que isso traz um problema para a correção. Ela passa a ser "subjetiva". E se o corretor não concordar com o argumento... a nota cai! Esse é um aspecto que precisa "obrigatoriamente" evoluir.

Em relação as falhas do ENEM.

Em 2009 a prova vazou. Toda ela. Descobriram antes e mudaram a prova antes de aplicá-la. Os envolvidos foram pegos me respondem a processo, infelizmente ninguém ainda está preso, mas isso não é "culpa" do ENEM. A prova foi aplicada corretamente, sem falhas graves e ninguém foi prejudicado no "afinal das contas".

Em 2010 houve um erro, de impressão. Quando uma parcela das provas foram aplicadas com falhas nos gabaritos e questões. Muitos candidatos tiveram que refazer o ENEM. Foi um erro grave? Sim. Mas afetou 0,003% dos candidatos. Ao todo, próximo de 9.000 candidatos repetiram a prova. Num universo de 4 milhões de estudantes foi um erro "mínimo", típico de um processo que está sendo construído.


Em 2011 não houve nenhum problema na aplicação do ENEM. Repito, NENHUM!!!! Mas houve, infelizmente a antecipação de "14 questões" pelo colégio Christus em Fortaleza, estado do Ceará, que colocou em "xeque" todo o processo.

Para entender essa situação necessitamos de várias informações "extras" ou "anteriores".

As questões do ENEM são feitas exclusivamente para ele. Não estão em nenhum local da internet, livros ou bancos de dados alheios ao do INEP. São contratados professores universitários, que não trabalham com o ensino médio para criarem as questões num ambiente perfeitamente controlado. O professor assina um termo de autenticidade das questões e as constroem numa sala sem nenhum contato com o exterior.

Suponhamos que um professor fez 50 questões. Dias depois ele é avisado sobre quantas questões das que ele fez foram aprovadas. Imaginemos que das 50, 20 foram aprovadas. Essa 20 vão para o banco de dados mas o professor não sabe quais foram aprovadas e quais não foram. Isso significa que o professor não pode afirmar se a questão "X" vai "cair" ou não no ENEM. As questões aprovadas vão para o banco de dados. E mesmo aprovadas não há certeza de que nenhuma das 20 serão utilizadas em algum ENEM. É possível que elas nunca sejam utilizadas.

O banco de dados contém um número muito maior de questões do que são aplicadas e isso diminui ainda mais a chance de alguma questão de 1 único professor seja usada.

Repetindo, em 2011 não houve "NENHUM" problema na aplicação do ENEM. NENHUM PROBLEMA!!! Mas houve o problema da antecipação das 14 questões pelo colégio Christus. Só que essas questões vazaram no "pré-teste" do ENEM. Vamos entender o que é isso.

O ENEM tem 180 questões mais redação. Porém o método utilizado é o TRI, que atribui valores diferentes às questões. Isso significa que dois estudantes que acertarem as mesmas 130 questões terão notas diferentes, porque as questões estão divididas em Fáceis, Médias e Difíceis. Mas ninguém sabe que questões são as fáceis, médias ou difíceis. A classificação de uma questão como fácil ou difícil depende do PRÉ-TESTE. Ele sempre é aplicado 1 ano antes do ENEM vinculado ao pré-teste em várias escolas pelo Brasil. Em 2010 o pre-teste foi feito em 10 estados e no Ceará a escola sorteada (sim, é um sorteio) foi o Christus.

É no "PRÉ-TESTE" que são definidas que questão vão ser classificadas como fáceis, médias ou difíceis, pela quantidade de acertos dos alunos submetidos. A definição de quais alunos participarão e quantos serão é feita por amostragem. E são aplicados aos alunos que teoricamente não farão o ENEM do Pré-teste.

Ocorre que dos 36 cadernos do "pré-teste", aparentemente o Christus teve acesso a 2 deles. Como? Não sei. Fato é que o Pré-teste em 2010 foi aplicado no Christus e dos 36 cadernos eles tem as informações de 2.

O processo do Pré-teste é relativamente simples. As questões vem lacradas de Brasília. Os aplicadores são de fora e vem exclusivamente para a aplicação. Eles entram, aplicam e saem com o mesmo número de cadernos que entraram. Nenhum foi extraviado em 2010. O responsável pela aplicação do Pré-teste é a Fundação Cesgranrio e a responsabilidade dela deve ser cobrada, porque ela está no olho do furacão e quase não se fala nela. Como o Christus teve acesso é uma incógnita. Mas o FATO é que faltando semanas para o ENEM o Colégio Christus distribuiu um TD com seus alunos contendo todas as questões dos 2 cadernos do pré-teste em questão. Esse material foi entregue impresso sem a "logomarca" da escola e sob orientação, segundo narrativa de alunos, de que deveriam ser restritas aos alunos porque "provavelmente" algumas questões cairiam no ENEM.

O resultado desse "provavelmente" é que cerca de 14 questões foram aplicadas no ENEM de maneira "idêntica" ou muito semelhante (mudando detalhes no enunciado, por exemplo) as contidas nos cadernos do pré-teste. Podia não ter "caído" nenhuma, mas podiam ser 20, 30 ou 40... as questões do pré-teste podem ou não aparecer na prova do ano seguinte mas não há garantias.

Diante do problema eu acredito que a situação será resolvida penalizando os alunos do Christus. Acho que a decisão será "política" e não técnica. A "culpa" cairá sobre o Governo ou sobre a escola... e o Governo não vai comer essa bronca... ele quer preservar o ENEM e nisso eu torço por ele, apesar de lamentar profundamente a solução encontrada. Toda solução nesse momento é um remendo, sempre prejudicará alguém, desde que a prova não seja anulada. Além disso tem a questão de que os dos 600 e poucos estudantes já indicados não são todos, existem outros que estão fora da conversa. O Christus tem os alunos do cursinho que na inscrição do ENEM não identificam escola, mas que tiveram acesso amplo ao logro dos TDs. Esses ainda devem entrar na "brincadeira" da anulação, se assim for.

O que o COLÉGIO CHRISTUS precisa responder, na minha opinião é:
- Como ele teve acesso a todas as questões dos 2 cadernos do Pré-teste de 2011?
- Porque as questões foram ofertadas aos alunos num material "sem a logomarca" do colégio?

Eu acredito (é uma questão de crença e não de fato) que o colégio agiu de má fé. E lamento profundamente que uma longa história de serviços prestados com qualidade a sociedade cearense seja manchada desta forma.

E sobretudo, tenho muita dó de todos os alunos do Christus que fizeram o ENEM que talvez necessitem refazer a prova. É uma provação desnecessária. Os alunos nada fizeram de errado para sofrerem isso, em nenhum momento. Apenas estudaram, cultivaram o sonho de uma faculdade e confiaram no colégio e professores. Em suma, o que todos os alunos de todo Brasil fizeram e farão, confiar nos seus professores.

Sobre as colocações preconceituosas sobre nordestinos e afins eu digo que: "todos temos nossa cota de IMBECIS", a cota de São Paulo se pronunciou falando mal do Ceará e do Nordeste e a "nossa própria cota" está na rede falando mal dos estudantes do Christus que nada fizeram além de reagir defensivamente com medo diante do turbilhão que os acossou...

Espero que o ENEM permaneça; Que os CULPADOS por essa ofensa sejam responsabilizados; e que todos os alunos do Christus façam uma boa prova, se nada mudar até lá.

A volta do morto vivo...

Estou ausente porque finalmente, e graças a meu esforço e as minhas preces, consegui um lugar no "sistema babilônico". E esse lugar me completa, muito além do que eu gostaria, mas como preciso dele muito além da minha opinião ou ideologia, prefiro manter a vida formal e abandonar o viver particular a abandonar os sonhos de vida toda.

Como a maioria sabe, ano passado, até o mês de outubro eu era uma pessoa sem nenhuma dívida, limpo, com dinheiro na poupança, e cultivando uma certa arrogância, típica de quem não necessita de outrem... Pois é, de um dia para o outro passei de uma pessoa "impoluta" para um devedor comum.


O caso é que compramos nossa casa e realizamos um sonho maravilhoso. Ela é melhor que todos os sonhos e só foi possível porque a família ajudou, e muito. Adquirimos uma dívida de 30 anos, e desejamos sobreviver a isso tudo. (rsrsrs)


Nossa casa é linda, maravilhosa, confortável, amada, espaçosa, salutar... todos os adjetivos positivos que eu possa pensar estão de acordo com nossa morada/fantasia. E não cansamos de ficar contentes com ela.
Por isso também tornei-me um escravo e, por isso também, passei tanto tempo sem vir aqui.

Amo o meu Blog. Ele faz parte da minha inscrição no mundo, a prova de meu pensamento, a concretude do que penso... e mesmo demorando, sempre volto... não posso deixar de ser eu, mesmo vendendo minha alma ao inimigo rsrsrsrs

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tragédias que repercutem...

Lamento profundamente a dor dos envolvidos. Fico triste e chocado com a brutalidade em que alguns eventos tem lugar na nossa vida. Encontro-me solidários as famílias que tão tristemente perderam seus entes queridos em situações que nunca serão completamente superadas.

Contudo, me incomoda a repercussão seletiva dos casos.

Ficamos todos tristes com a queda do avião da NOAR que vitimou 16 pessoas em Recife. A tristeza torna-se absurda ao observar uma série de indícios de má conservação das aeronaves, supondo que tudo poderia ter sido evitado.

E ficamos indignados com a morte da advogada paulista, vítima de abalroamento por um Porsche na madrugada. E a indignação aumenta ao observar o comportamento indigno do motorista ao ignorar solenemente a vida que se esvaía no carro ao lado por responsabilidade também dele, que tinha sinais de embriaguez e trafegava em altíssima velocidade numa área urbana.

Mas não é só isso. Porque estamos tristes por todo Brasil com esses dois casos e ignoramos ou desconhecemos a avalanche de casos que ocorrem em nossas cidades todos os dias?

Eu moro próximo da avenida que possui maior números de acidentes no meu estado. É uma rodovia, melhor dizendo, onde morrem pessoas com espantosa frequência. Todos os dias vejo acidentes com carros, motos e bicicletas. Todo dia no caminho para o trabalho, sem exceção. A gravidade varia, mas alguns casos terminam em mortes.

Eu acredito que o único motivo para nos solidarizarmos com essas vítimas de maneira prolongada e não o fazermos com as pessoas que morrem próximas a nós é porque os dois casos citados ocorreram com pessoas ricas, em sua maioria.

Só anda de avião quem participa do Brasil oficial, que tem uma vida confortável, mesmo que não tenham muitas posses, são pessoas que ganham bem mais que um salário mínimo. É fácil para nossa elite comover-se e identificar-se com essas vítimas. E no caso do trânsito, todos os envolvidos possuem condições econômicas muito superiores a maioria da população. A grande imprensa presta seu tributo aos seus pares, noticiando seguidamente os casos onde a elite se reconhece.

Sinto-me solidário também àqueles operários que por necessidade andam de bicicleta em nossas ruas e que morrem diariamente sem que jornais e televisores de todo o Brasil tomem conhecimento. Esses cadáveres anônimos ao grande público, pobres em maioria, não tocam ninguém além de suas famílias, e por isso ninguém preocupa-se de melhorar nosso trânsito.

No choque entre a elite e a massa, morrem os pardos e nada muda.

HOJE!!!!!!!!

ONTEM!!!





quinta-feira, 30 de junho de 2011

Que coisa!

A vida ensina muita coisa a todos nós. Nunca pensei em
toda a minha vida que eu concordaria 100% com qualquer coisa que o Fábio Júnior proferisse, o pai do Fiuk (isso dá cria meu pai! rsrsrs), mas não é que eu concordo demais com a afirmação dele sobre mulheres!

"Mulher magérrima, tô fora. Gosto de mulher [ faz sinal para mostrar as curvas do corpo feminino]. Peito, bunda, encorpada, essas magrelas... É uma ditadura esse troço, e não pode. A mulher tem 1,70 de altura, pesa 48 quilos e parece que vai quebrar. Não! Quero estar na cama com uma mulher de verdade. Essas magrelas não me dão tesão..."

Fábio Jr. também sabe das coisas amigo!

P.S. Veja Fabão na oportuna imagem fazendo o que sabe fazer de melhor, iludir o sexo feminino...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Frase do dia

Há noites em que eu não consigo dormir de tanto remorso por tudo que eu deixei de cometer.

Mário Quintana

domingo, 19 de junho de 2011

Velozes e Furiosos 5

Fui ver!!!
Graças a meu vizinho e amigo, NegoJô, ganhei duas entradas para uma sessão fechada no cinema.
A situação é meio chique, mas o filme é o mesmo que todo mundo vê.

O filme é divertido ao estilo de todos os outros da série; roteiro infantil, cenas de velocidade, efeitos especiais, alguma violência e uma tonelada de irresponsabilidade. Bem ao gosto geral "Roliudiano"!

Minha avaliação da série é assim:
O primeiro é o mais interessante, tem mais história e o roteiro é o melhor até aqui.
O segundo é fraco em diversos aspectos, mas passa no conselho de classe.
O terceiro é o pior da série. tem o roteiro mais irrealista de todos. A única coisa possivelmente elogiosa é que eles deram mais destaque aos carros e porque colocaram o drift em cena, mesmo assim o filme é tenebroso.
O quarto é razoável. Tenta reaproximar a produção do primeiro filme e por isso é melhor que o segundo e terceiro.
O quinto é melhor da série, atrás apenas do filme inaugural, mesmo ainda pecando na falta de destaque para os carros, que, na minha opinião deveriam ter muito mais película sobre eles.

O quinto filme é divertido, recheado de velocidade e destruição. Botaram pra moer mesmo!
E foi gravado em boa parte no Rio.
Esse é o único problema para mim. Tratam o Brasil como tratam todo o mundo que não está dentro do território dos E.U.A. . Ingerência, arrogância e modificações da língua, geografia, costumes e ridicularização das autoridades locais pululam a tela.

Uma cena em especial faz-me ter frouxos de riso incontroláveis. A atriz Gal Gadot que apesar de ser uma mulher bonita, faz o estilo "modelo"... (magra que dói, daquelas que tem os cotovelos e joelhos mais grossos que a perna!), faz uma cena em que ela faz o tipo gostosa e sai com um biquine enorme, rebolando a ossada pra encantar o bandidão... kkkkkkkkkk impagável. Aquela moça na vida real, numa praia do Brasil poderia ganhar um sanduíche de presente de algum vendedor porque parece que a pobre tá é doente de tão magra.

E foi isso, vale a pena e é engraçado. Mas se tiver um olhar político, também é aborrecido.

Quando fico só...

Tenho vindo pouco, porque quando encontro-me sozinho com meus pensamos,
vejo aborrecimento e um certo rancor na confluência das coisas que quero, que gostaria e que preciso.
Passei muitos anos defendendo a tese de mudar o mundo e investi nisso, nas minhas escolhas, ações e pensamentos.
Agora tento acostumar-me a, no máximo, contribuir com ele, por cansaço.

Quero uma vaguinha no "sistema babilônico", cansei de fazer o difícil.
Estou meio envergonhado com isso e aborrecido com a vida.

Ampliando a visão sei que é só um tempo complicado, como já tive outros e que ainda terei.
Mesmo assim, tô puto da vida!

sábado, 18 de junho de 2011

NO RAIN

All I can say is that my life is pretty plain

I like watchin' the puddles gather rain

And all I can do is just pour some tea for twoand speak my point of view

But it's not sane, It's not sane

I just want someone to say to me, oh oh oh oh

I'll always be there when you wake

You know I'd like to keep my tears dry today

So stay with me and I'll have it made

And I don't understand why I sleep all day

And I start to complain that there's no rain

And all I can do is read a book to stay awake

And it rips my life away, but it's a great escape

escape...escape...escape...

All I can say is that my life is pretty plain

you don't like my point of view

you think I'm insane

Its not sane......it's not sane.

I just want someone to say to me, oh oh oh oh

I'll always be there when you wake

You know I'd like to keep my cheeks dry today

So stay with me and I'll have it made

and i'll have it made, and i'll have it made, and i'll have it made...

Blind Melon

sábado, 21 de maio de 2011

Cansaço...

A maré tá me levando...

O PEIXE

Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.

Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a insconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.

O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.

Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!

Patativa do Assaré

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quando eu venho de Luanda

Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só
Trago o meu corpo cansado
Coração amargurado
Saudade de fazer dó
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Eu fui preso à traição
Trazido na covardia
Que se fosse luta honesta, ô iaiá
De lá ninguém me trazia
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago duendo nas costas
Todo o peso da maldade
Trago ecoando no peito
Um grito de liberdade
Liberdade eu quero agora
Se eu quero não vai tardar
Liberdade é esperança
Na força dos orixás
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago no meu peito a noite
Na mata brilha o luar
Na minha alma eu pressinto
Energia de Oxalá
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago as marcas das carícias
E corpo de açoite
Na boca brilhando a lua
Na pele brilhando a noite
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago as penas da saudade
Da terra que lá deixei
Se a tristeza vem marcada
Da mulher que lá larguei
Trago as penas da saudade
De tudo que deixei por lá
E pulsando forte nas veias
O sangue dos orixás
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago os meus pés inchados
E o meu peito amargurado
Como um ídolo de maldade
Como um ídolo de maldade
Dentro de mim trago um grito
Que um dia será ouvido, oi iaiá
Clamando por liberdade
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago as marcas do meu povo
Que é de herança guerreira
Que se faz negro valente
Jogador de capoeira
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Eu trago no meu peito um grito
Um grito da vida inteira
Um grito de liberdade, ô iaiá
Um grito de capoeira
Um grito de raça negra
Uma raça perseguida
Um grito de toda dor, oh! meu Deus
Um grito de toda vida
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só
(Mestre Tony Vargas)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Every Breath You Take

Every breath you take
Every move you make
Every bond you break
Every step you take
I'll be watching you

Every single day
Every word you say
Every game you play
Every night you stay
I'll be watching you

Oh, can't you see
You belong to me
How my poor heart aches
With every step you take

Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake
Every claim you stake
I'll be watching you

Since you've gone I've been lost without a trace
I dream at night I can only see your face
I look around, but it's you I can't replace
I feel so cold and I long for your embrace
I keep crying baby, baby, please

Oh can't you see
You belong to me
How my poor heart aches
With every step you take

Every move you make
Every vow you break
Every smile you fake
Every claim you stake
I'll be watching you

Every move you make
Every step you take
I'll be watching you

I'll be watching you

The Police / Sting
escute aqui

sábado, 23 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Desvelar ou Revelar!

Acompanho pela internet, de longe, o debate sobre o uso do véu islâmico na Europa. Tenho lido as opiniões, as justificativas de segurança e o debate sobre a liberdade religiosa. Acho que já consigo expressar minhas reflexões acerca do debate.

Antes é valioso lembrar que o uso do véu islâmico é anterior ao Islã e representa uma tradição cultural antiga. Não compartilho da argumentação de que o uso do véu é opressivo em si, acredito sinceramente que a grande maioria das mulheres muçulmanas sintam-se confortáveis e seguras usando seus véus.

Outro aspecto importante no debate é que não há um só tipo de véu, existem muitos. Dentre eles os mais usados são a Burca (que cobre todo o corpo), o Niqab (que deixa à vista apenas os olhos), a Hijab (que cobre cabeça e colo mas deixa o rosto à mostra) e o Xador (que cobre todo o corpo mas deixa à mostra o rosto).

Compreendo que seu uso possui significado cultural e religioso, sendo importante para a vida social dos muçulmanos. Meu ponto de vista inicial é que não há nenhum problema em utilizá-lo. As pessoas devem ter a liberdade de se expressar religiosamente e socialmente sem serem castradas na sua diferença.
Contudo, é necessário algumas reflexões além disso. Tomemos o caso da França. Desde 2010 não é permitido utilizar o véu integral (tipos que cobrem tudo ou mostram apenas os olhos) nos lugares públicos em território Francês. Isso significa que qualquer tipo de véu que encubra o rosto é ilegal. E eu dou apoio à medida no sentido de que não posso criticar os franceses por legislar em seu território sobre costumes e hábitos que interferem em aspectos de segurança.

Agora complicou né? Não acho. Existe outro aspecto do reconhecimento dos costumes de cada cultura que precisa ser ponderado. Sua adequação a princípios gerais.

Posso pensar em vários exemplos.

A Farra do Boi é uma tradição cultural de Santa Catarina. É muito antigo e tem vínculos muito fortes na cultura local. No entanto é proibida. Tudo porque vai de encontro aos princípios de segurança e respeito aos animais, que sofrem demais em seu processo. É cultural, mas não pode!

Quero afirmar que não podemos justificar uma coisa errada justificada pela tradição apenas.

No Brasil é tradicional bater nas crianças como método pedagógico. E por isso está certo? Eu digo que não.

Em várias partes da Índia, é tradição que as mulheres sejam cremadas vivas quando da morte do marido. É religioso e faz parte dos costumes da tradição. Por causa disso pode? Não pode!

E a lista segue...

Sob esse prisma posso concluir que a França tem o direito de legislar sobre isso. E vou além.

Não gosto de justificar uma coisa errada com outro erro, mas nesse caso serei forçado a afirmar que "em terra de sapo, de cócoras com eles". Quero dizer que quando migramos para outros países ou estados e partilhamos nossa vida com nossas diferenças temos de nos adaptar até certo nível, caso contrário não vá. Quando visitamos um país muçulmano nós temos de obedecer aos costumes deles. Não podemos beber uma cervejinha, temos de respeitar o silêncio no horário das orações e nossas mulheres tem de usar o véu, mesmo que esse não seja o nosso costume, estou enganado? Então, não abro a boca para criticar a França ao limitar, de acordo com a sua cultura, os costumes em seu território.

Respeito é uma via de mão dupla!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ética e Imprensa

Excetuando a importância crucial desse tema, afirmo que só veio à tona porque recentemente vi dois exemplos claros de abordagem tendenciosa na grande imprensa.

Não falo das grandes revistas de circulação, os almanaques semanais, pois estes conseguiram sozinhos destruir sua isenção de maneira clara e irrestrita durante os últimos 10 anos, em minha opinião.

Falo desde os grandes fatos aos mais simples.

Em 25 de março observei o título de uma matéria, repetida rapidamente por vários veículos, de que o querido Ronaldo Angelin, cearense velho, zagueiro do Flamengo e pessoa da maior gentileza, teve seu carro rebocado numa Blitz da Lei Seca.
Quando lemos o título imaginamos... estava bébado, dirigindo alcoolizado, é irresponsável e etc.

Mas quando lemos a matéria percebemos que tudo não passou de uma habilitação vencida. Que não é bonito, mas não é tão feio. Fruto mais de desatenção do que de "mau-caratismo".

A mesma situação ocorreu com o Aécio Neves. Mesma situação! Ainda que no caso dele, houve recusa em fazer o teste do bafômetro.

A questão primal desse post é que existem "jornalistas" eu trabalhavam para vender e não para informar. Ora, blitz é blitz! Não existe essa de blitz da Lei Seca ou blitz da carteira vencida ou blitz do extintor vencido, toda blitz fiscaliza tudo, ou devia.

E concluo, a imprensa age de má fé, de maneira tendenciosa, sugerindo fatos polêmicos e sensacionalistas com objetivo puramente mercantilista. E quem se importa se por acaso o leitor só leia a manchete e ficar só com a má impressão da pessoa em foco? Afinal, Ética pra quê?

Obviamente a imprensa precisa se manter como negócio, mas existem formas mais honrosas e corretas de fazer isso.

Lamentável.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pode usar! Claro que pode!

Suzana Vieira no último altas horas, em sua cruzada para manter-se adolescente, afirmou:
"- Quem disse que não posso usar mini-saia? Posso usar e vou usar..."

A fala dela foi essa ou quase essa... bem, está preservada a idéia da fala dela.

Em relação a sua afirmação eu digo que pode, inclusive defendo o direito de poder, claro que pode. Cada pessoa pode fazer o que bem entender desde que não prejudique ninguém.

Agora se vai ficar bonito, são outros 500!
Que o diga a Donatella Versachi que também pode usar fio dental na praia.

domingo, 17 de abril de 2011

Avós

Semana passada fui a uma missa de sétimo dia. Já é a segunda do ano.
Perdi um tio-avô recentemente e perdi meu último avô a um mês.

Sinto falta dos meus avós.

Perdi o meu avô materno ainda muito cedo, num acidente automobilístico. Não tenho lembranças reais dele, apenas as que eu mesmo acabei fabricando com o que sei. Apesar de não lembrar tenho muito afeto por ele por tudo aquilo que ouvi.

Perdi minha avó materna com muita tristeza. Ela morreu em nossa casa, no exato tempo que lhe cabia e meu coração ainda chora a sua ausência. Ela era a mais próxima, a mais amada e mais querida dentre todos. Guardo muitas recordações. De seu cuidado, carinho e das horas maravilhosas que vivi em sua casa, na minha cidade natal. A imagem que representa a saudade para mim tem a ver com aquele recanto da infância, onde era muito feliz. Depois de tantos anos ainda engasgo ao lembrar de tantas coisas.

Perdi minha avó paterna em outro acidente automobilístico. Outra fatalidade. Inesperado. Lembro de cada detalhe naquele dia. Foi muito triste e principalmente por ter visto meu pai tão abatido e vulnerável. Sua partida mudou os rumos da família. Vivi completamente todo o processo, pois, à época morava com ela. A sua falta marcou a todos.

Perdi agora, meu avô paterno. Estava lá quando ele se foi. Quase toda a família estava. Foi de uma forma muito abençoada. Rodeado pelos filhos e netos e bisnetos, como ele gostava. Foi uma partida serena e cercada por uma dor aliviada. Não houve desespero. Doeu muito porque, além de gostar muito de meu avô, eu o tinha como uma homem muito forte, pacato, educado, religiosos e honesto. Meu avô era um homem absolutamente sério, absolutamente honesto e absolutamente humilde. Era um sertanejo admirável, que foi agricultor, retirante e servente. Que sempre enfrentou as inúmeras dificuldades de maneira abnegada e esperançosa. Ele adoeceu, tornou-se senil e resistiu a todos os problemas de saúde com uma fortaleza que desmentiu todos os prognósticos médicos. Mas o homem forte que conversava comigo na calçada, que me contava como tinha sido o namoro com minha avó e como tinha passado por dificuldades ficou cada vez menor, cada vez mais ausente e cada vez mais abatido. Eu o via pouco porque me doía vê-lo daquela forma. Visitá-lo pouco machucou meu pai e chateou uma parte da família, mas vê-lo acamado e sem reconhecer os familiares atrapalhava minha paz. Apenas depois de sua morte é que pude entender bem isso.

Os dois acidentes que me tiraram um avô e uma avó foram pelo mesmo motivo, má conservação das estradas. Mesmo que todos nós paguemos tão caro para mantê-las através de impostos que somem num mar de corrupção. Esses acidentes marcaram profundamente a vida de meus avô e avó que continuaram suas vidas lamentando e sofrendo a ausência dos companheiros.

Hoje estou mais só que antes. A ordem natural das coisas segue, e é bom que assim seja. Enterrar jovens antes do ocaso da velhice e a maturidade dos anos é uma dor imensurável, peço a Deus que nunca a sinta.

Fica a saudade.
Aqui, vovô com uma parte de seus netos e bisnetos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O time do Povo! O time dos Favelados! O time dos Negros!

O Vasco lançou recentemente seu terceiro uniforme, uma bela camisa (sem duplo sentido) com alusão ao fato de ter sido o primeiro time carioca a admitir negros.
Parabéns pela iniciativa comemorativa.
Louvo o fato histórico mas lamento ter sido pelos motivos errados.

Explico; para quem sabe um pouco mais de história é reconhecido que essa glória inegável é até certo ponto controversa. Tudo porque eram tempos de amadorismo ideológico e as ondas de profissionalismo insuflavam os mais diversos debates no ambiente do Futebol.

E o que isso tem a ver?

Ora, era acordo geral que os clubes cariocas que o futebol era e deveria permanecer amador.
Nesse cenário, os portugueses, hegemônicos no segmento de padarias, na falta de grandes jogadores brancos, reconheceram, daí seu mérito, o talento de diversos negros e os empregavam nas padarias e os liberavam integralmente para treinar futebol. Desse modo o Vasco dava um passo importante para a afirmação negra no esporte e avançava no processo modernizador do futebol, ao realizar o que a imprensa da época chamou de amadorismo marrom (depois repetido por outros clubes). Só que isso foi feito burlando um acordo formal entre os clubes. Na prática o Vasco ludibriou os co-irmãos ao não preservar o amadorismo no futebol.

Resumindo, parabéns para o Vasco pela lembrança, parabéns pelo fato, mas a falta de palavra não foi bonita. Contudo o nosso eterno vice não abriu o clube para os negros e brasileiros, nem abriu espaço de respeito aos negros, outrossim, os utilizou como instrumento. Basta refletirmos que o o primeiro presidente do Vasco que não era português ou descendente foi o famigerado Eurico Miranda (eles ainda afirmam ter eleito um presidente mulato em 1904, mas já vi mais gente contestar que afirmar isso).

O resultado disso é que a preferência dos negros cariocas não é dirigida ao time da colina e sim ao mais querido, ao meu Mengão!!! E não só dos negros e sim das minorias e das maiorias e de norte a sul!

J. R. R. Tolkien

Terminei de ler novamente o Silmarillion... estou deliciado!
Tolkien nos presenteou com um universo repleto de grandes histórias. Em todos os seus livros mergulhamos ameaçadoramente nas trevas e na esperança, no desafio e na coragem, sempre com a marca da tragédia, aplacada pelo poder da vida e da criação.

O primeiro livro, na cronologia de sua fantasia foi o último a ser editado e também escrito e reescrito (ou penúltimo se considerarmos o sexto como sexto... calma, vai dar pra entender). O SILMARILLION encarna a máxima bíblica de que os últimos serão os primeiros. Na verdade ele não é um livro, ele é uma compilação de textos que remontam a criação de Arda, onde está a terra média e toda a epopéia da criação dos primogênitos(elfos) e dos sucessores(homens) e seus martírios, suas glórias e desgraças. É demasiado humano. Foi organizado após a morte de Tolkien e "explica" a saga da trilogia do anel.

O segundo livro na cronologia fantástica é o Hobbit, que foi o primeiro a ser escrito. Surgiu como brincadeira para as crianças e acabou virando um livro. É um livro infantil. Completamente. Todas as aventuras e perigos são narrados com uma inocência de 8 anos. É divertido, mas não é, repito, adulto.

A partir daí segue a trilogia do anel, com A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei, nesta ordem. Tolkien iniciou A Sociedade do Anel na mesma pegada do Hobbit, com uma escrita infantil e progressivamente foi transformando a história numa aventura para adultos. Ao passar das páginas a história vai ficando dramática e escura. Tudo vive a um passo do desespero e do desengano. A todo instante o mal parece que vai vencer. Parece que tudo será perdido, mas a esperança ressurge em detalhes, no improvável, no inesperado e simples. Tolkien foi brilhante.

Ainda há um sexto livro... que não é um livro... Contos Inacabados, que são histórias, contos escritos no cenário de Arda sem ter nexo direto com os acontecimentos, fim ou importância crucial para a saga. Isso não significa que deve ser desprezado. Representa mais um brinde, uma experimentação no universo dos Valar, Maiar, Primogênitos e Sucessores.

Eu concordo com as críticas de que Tolkien expressa preconceitos étnicos na obra. Para mim isso é claro, mas, seguindo minha forma de encarar as obras de arte, não era esse o objetivo de Tolkien. Não são obras "racistas" e não se propõe a disseminar a discriminação. É meramente a expressão de uma pessoa do seu tempo, que vivia numa sociedade "racista" e preconceituosa. Não desmerece a obra em nada, mas merece debate.

E por fim, é uma leitura em certos momentos árida, porque Tolkien se esforça para construir um universo novo, do clima ao relevo e à vegetação. Ele usa muitas linhas para descrever o cenário e isso às vezes é um pouco chato e necessita de conhecimento conceitual de geografia, pois temos de saber o que significam escarpas, planaltos e vales por exemplo. Mesmo assim Tolkien é fantástico.
Acho que vou reler a trilogia! hehehe

P.S. E se tiver mais coisa que eu não sei me informem que eu quero ler hehehe

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Crise Existencial

Daqui a pouco volto.

domingo, 20 de março de 2011

Castelão - Fla 3 x 0 Fortaleza

Quarta feira quis postar aqui na madruga, mas desisti porque meu amor estava acordada me esperando. Ia começar assim... "Acabo de chegar do Castelão..." Mas não rolou... o post, porque o jogo rolou demais!

Fui ver feliz da vida o Mengão no Castelão. Fomos eu e Fausto e pudemos ver nosso time jogar mal e golear o Fortaleza! kkkk

O Castelão é o estádio Governador Plácido Castelo, hoje com capacidade para 60mil pessoas e inaugurado em 1973. Foi palco de vários jogos memoráveis e foi por muito tempo, e ainda é, um dos estádios de maior capacidade do país, mesmo ficando numa praça esportiva de pouco sucesso. Os maiores públicos e as maiores rendas a gente nem liga porque polêmica na arrecadação e público presente aqui é quase igual ao sol... todo dia tem(pelo menos aqui). Diz muita gente que é roubo, mas eu não posso afirmar, até porque posso ser processado.
Bem, mas não queremos falar do Castelão e sim do Flamengo!
Gosto dos detalhes sórdidos do jogo. Gosto de rir da quantidade de repórteres cobrindo a entrada do Flamengo em campo comparado os que cobriam a entrada do Fortaleza. A entrada do Flamengo com um formigueiro de coletes laranjas e luzes de fotografias pipocando enquanto no outro acesso tínhamos a enormidade de 1 repórter esportivo. É isso mesmo, tinha 1 cobrindo o Fortaleza e os demais cobrindo o Mengão! Gosto também de ver as crianças que entram com o time ao chegar no campo. é muito engraçado ver as crianças do Fortaleza entrarem e irem correndo para o time do Flamengo, enquanto dois funcionário aborrecidos tentam impedir as crianças de pedir autógrafo a quem interessa. Parece que eu escuto os funcionários falarem:

- Ei menino, tu num sabe que não é pra ir pra lá, é pra ficar do lado do Fortaleza! Assim tu não vem mais! Vou contar pro seu Pai! Ei! Ei!, Pode voltar! Vem cá menino!!!!
E agora, falando do jogo, o Fortaleza jogou bem melhor na maior parte do primeiro tempo. Porém jogou ao estilo "arame liso", que cerca mas não ofende. Ciscou muito mas praticamente não chutou a gol. E o Flamengo, jogou mal mas fez um gol! No segundo tempo melhoramos e dominamos o jogo... aí sim, fizemos mais dois gols! E concluí que a diferença para o Flamengo atual entre jogar bem e mal é 50% a mais de gols marcados. Não vou reclamar disso!

E dos três gols, dois foram comemorados na minha frente! Gostei demais! Ver o Mengão até quando é ruim é bom!