segunda-feira, 26 de abril de 2021

Flamenguices retroativas

 Agora, que eu estou namorando o retorno ao Blog, eu estou lutando contra a minha ânsia de 
"cobrir" a lacuna do tempo que eu passei sem postar. 

Estou negociando com meus problemas mentais para abordar algumas poucas coisas em retrospectiva, mas apenas quando for útil ao que quero falar agora. E falar sobre as coisas de hoje que precisam de ideias de 2018, já dá uma agonia. Já me dá vontade de deixar para lá.

Mas agora, em se tratando de Flamengo, vou falar várias coisas nos próximos dias e para elas ficarem redondas, vou retroceder até novembro de 2020, ou melhor, até agosto de 2020. Não vou focar no trabalho de Jorge Jesus, mas a partir da indicação do Dome para Técnico do Flamengo até sua saída e indicação do Rogério Ceni para o cargo que ocupa desde então.

Vou colocar agora, quase exatamente a mesa coisa que eu postei nos meus debates de Whats App em novembro de 2020.

De início, fui contra a contratação do Domènec Torrent (Dome). Ele era a pior escolha e foi a que fechou. Erro do Departamento de Futebol capitaneado pelo Braz e da Diretoria do Landim/BAP. O tempo demonstrou o fracasso dessa notória  falta de competência, entendimento e visão de jogo. Eu achava que pelo menos o Braz sacava da parada, mas hoje vejo que não. O time saiu de uma proposta tática encaixada de um 442  avançado e móvel para um jogo de posição de 433 no meio de uma pandemia e com um calendário alucinado. Foi a pior escolha roque a adaptação demora, e o Dome é muito inexperiente como comandante. Fritaram ele bonito quando os problemas apareceram.



Com o Dome, o Flamengo fazia muito gol e sofria muito gol. Todo os times treinados por ele foram assim (até então apenas 1). Como o Flamengo, foi praticamente o segundo time dele, ambos tem média horrorosa de mais 1 gol sofrido por partida. Então, estava muito óbvia a incapacidade do Dome de equilibrar o time defensivamente. E ele disse isso em entrevista, que preferia ganhar de 5x3 do que de 2x0. 

O esquema tático do Dome era "posicional" e não encaixou a defesa. Ele não arrumou a recomposição e assim nem defendia em linha, nem no "encaixe" e nem fazia por zona. As linhas ficavam descompactadas, os adversários conseguiam alternativas de passe e com isso desmontavam a defesa com facilidade. Não era culpa individual, era coletiva, ou melhor, do esquema.

Em contrapartida, individualmente ocorreram falhas demais. Muitas chances perdidas e erros bizonhos que nos custaram muita paz de espírito. Obvio que os zagueiros Léo Pereira e o Gustavo Henrique deitaram numa cama de jacas falhado individualmente, mas eles dois não foram os únicos (Gérson, Arão, Isla e Felipe Luiz vai não vai estiveram na merda também). Se temos zagueiros que não são bons no mano a mano e nem rápidos, eles obrigatoriamente necessitavam de cobertura e o esquema do Dome tinha... ops, não tinha nenhuma. Culpa do Dome. GH e LP tem os erros individuais, mas o esquema vai mal com eles em campo e sem eles em campo.

E agora uma dica: "Quando o zagueiro ou volante está correndo atrás do adversário com a bola dominada, o esquema defensivo já foi quebrado".

Não faltou exemplos de falhas no sistema defensivo do Flamengo na época do Dome. O comentarista Pedrinho, ex-jogador identificado com o Vasco da Gama, doutrinou no Sportv semana após semana e de quebra, mostrando que outros ex-jogadores comentaristas são muito limitados em termos de visão e análise tática.

Reconheço que o Dome foi a escolha possível, naquele cenário, mas não era a única. Poderíamos ter trazido o Miguel Angel mas ficaram com medo pela idade dele (tem 37). Os nomes desejados eram o Jardim, depois o Marco Silva (que não me agrada) e depois o Carvalhal. Dos três o Carvalhal era o menos badalado, era o meu preferido, e não veio devido a pandemia. Está certo ele. O brasileiro, mesmo com 165mil mortos (na época, já dobramos isso com folgas) estava cagando e andando pra pandemia. População, governo e o caralho, estavam pouco se fudendo, quem morrer morreu era o lema. O Carvalhal estava certíssimo em não vir se arriscar na roleta russa da pandemia, que só piora. Para surpresa de quem fantasiava que não seria igual o que todo mundo que tem informação e juízo sabia que seria, só piora ("gente burra tá em promoção"). Sobrou o Dome. O CARA ERA UMA APOSTA, que deu errado.



Diante dos resultados do Dome não havia caminho óbvio a seguir.

Manter (digo logo, era o que eu teria feito, pelo menos por mais uma semana) nos levariam a três problemas: brasileiro, copa br e liberta. Problema era não ter confiança em passar em nenhuma das copas e ficar fora do G4 do campeonato brasileiro, onde estávamos em 3º na época. Muito provavelmente iríamos nos ferrar na liberta e na copa br e teríamos muita chance de ganhar o brasileiro mesmo com o Dome. Mesmo vacilando no G4, poderíamos marcar mais gols que sofrer contra os menores. E por pontos corridos isso funciona, visto que todos os outros concorrentes oscilam. E foi exatamente o que ocorreu, mesmo demitindo. Ou seja, o cenário mais lógico com a permanência foi exatamente o que ocorreu com sua saída. Só que pagando dois técnicos.

Demitir (como foi a escolha), nos levou a dois problemas grandes: "fuder o projeto" e escolher um substituto. Eu explico.

Falando do Projeto, temos de entender que o Flamengo é POBRE no cenário mundial. Nós não temos MORAL NENHUMA fora do Brasil. Nem na América do Sul. Não temos porque ninguém confia no futebol brasileiro. A inconstância, a falta de estrutura, a falta de compromisso, a falta de pagamento e a burrice de cartolas e técnicos é notória. E é por isso que trazer um técnico como o Dome, de fora, com alguma grife herdada da moral do Guardiola, e demitir em menos de 120 dias levanta questionamentos se o Flamengo é um clube confiável. O projeto é dominar o Futebol Brasileiro. E para isso precisamos de um técnico de qualidade. E no Brasil, tirando os de fora, nenhum presta, ou pelo menos, nenhum está no nível que desejamos. Jorge Jesus PROVOU isso em 2019. Nem os comentaristas conseguiam explicar o que ele fazia taticamente e muito menos os rivais conseguiam replicar ou se defender disso. Mas eu falo do JJ outro dia (ah véi lindo!).

Então, o segundo problema é o pior dos dois, o substituto. Quem seria? Trazer alguém tampão até janeiro ou fevereiro, seria ridículo. Digno do Flamengo do Márcio Braga. Técnico que viesse ser tampão não seria bom, nem pro Brasil. Investir em técnico aqui... sinceramente, para mim é ridículo.

Melhores técnicos do Brasil na época eram o Coudet, Renato e Sampaoli. Nenhum viria. Thiago Nunes e Ceni não são de mesmo nível desses três. E o Nunes demonstrou que não estava pronto para um time grande. Ele necessitava de mais rodagem antes de assumir uma máquina quente. Ceni era o mesmo, sem falar que ele é uma estrelinha que jura de pé junto que é o sol! Antes do Flamengo ele teria que se tratar para parar de pensar que é Deus. Técnico de fora... temos pouquíssimas opções. E os livres ainda precisam querer vir, mesmo depois da demissão do Dome e da pandemia. Possibilidade mínima.

Eu me senti meio ridículo ao falar do Ceni como possibilidade na época, e isso foi no tempo que era apenas boato. Se fosse contratado e desse certo, eu admitiria meu erro. Mas ele foi contratado, e não tem dado certo na minha análise, mas muita gente jura de pé junto que tá uma belezinha. Eu achava que pegaríamos uma Ferrari F40 e colocaríamos na mão de um piloto que vai correr com ela como se fosse um Scort XR3 restaurado (ou um gol quadrado GTS). Porque o Ceni só jogava igual. As equipes dele quase não tem variação. E a desculpa da época, em que ele treinava o Fortaleza, era dizer que ele não tinha elenco e dinheiro, que isso e aquilo e aquilo outro. Para todos esses argumentos eu só tenho 1. Independiente Del Valle. Orçamento? Estrutura? Torcida? O caralho! Del Valle jogava muito sem ter nada disso. A folha salarial anual do Fortaleza era o dobro da folha do Del Valle.

Retranqueiro, limitado e sem criatividade. Jogava como time pequeno, e o FLAMENGO NUNCA SERÁ PEQUENO!

Braz ligou pra ele... e contratou. Provando que o Braz não entende de futebol, só de vestiário, bastidos e negociação.


Essa história continua, mais à frente.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Temporalidade

O tempo passa.

A gente passa.

O vento passa.

E lá vamos nós tentando segurar, em mãos que se desfazem, tudo aquilo que nos é caro.

O que nos é caro muda.

A mudança passa, e volta, e a terra plana capota.

Cuidamos todo dia, da ilusão de que as coisas ficam.

E isso também passa.


Évio

Foto Dick van Duijn