sábado, 23 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Desvelar ou Revelar!

Acompanho pela internet, de longe, o debate sobre o uso do véu islâmico na Europa. Tenho lido as opiniões, as justificativas de segurança e o debate sobre a liberdade religiosa. Acho que já consigo expressar minhas reflexões acerca do debate.

Antes é valioso lembrar que o uso do véu islâmico é anterior ao Islã e representa uma tradição cultural antiga. Não compartilho da argumentação de que o uso do véu é opressivo em si, acredito sinceramente que a grande maioria das mulheres muçulmanas sintam-se confortáveis e seguras usando seus véus.

Outro aspecto importante no debate é que não há um só tipo de véu, existem muitos. Dentre eles os mais usados são a Burca (que cobre todo o corpo), o Niqab (que deixa à vista apenas os olhos), a Hijab (que cobre cabeça e colo mas deixa o rosto à mostra) e o Xador (que cobre todo o corpo mas deixa à mostra o rosto).

Compreendo que seu uso possui significado cultural e religioso, sendo importante para a vida social dos muçulmanos. Meu ponto de vista inicial é que não há nenhum problema em utilizá-lo. As pessoas devem ter a liberdade de se expressar religiosamente e socialmente sem serem castradas na sua diferença.
Contudo, é necessário algumas reflexões além disso. Tomemos o caso da França. Desde 2010 não é permitido utilizar o véu integral (tipos que cobrem tudo ou mostram apenas os olhos) nos lugares públicos em território Francês. Isso significa que qualquer tipo de véu que encubra o rosto é ilegal. E eu dou apoio à medida no sentido de que não posso criticar os franceses por legislar em seu território sobre costumes e hábitos que interferem em aspectos de segurança.

Agora complicou né? Não acho. Existe outro aspecto do reconhecimento dos costumes de cada cultura que precisa ser ponderado. Sua adequação a princípios gerais.

Posso pensar em vários exemplos.

A Farra do Boi é uma tradição cultural de Santa Catarina. É muito antigo e tem vínculos muito fortes na cultura local. No entanto é proibida. Tudo porque vai de encontro aos princípios de segurança e respeito aos animais, que sofrem demais em seu processo. É cultural, mas não pode!

Quero afirmar que não podemos justificar uma coisa errada justificada pela tradição apenas.

No Brasil é tradicional bater nas crianças como método pedagógico. E por isso está certo? Eu digo que não.

Em várias partes da Índia, é tradição que as mulheres sejam cremadas vivas quando da morte do marido. É religioso e faz parte dos costumes da tradição. Por causa disso pode? Não pode!

E a lista segue...

Sob esse prisma posso concluir que a França tem o direito de legislar sobre isso. E vou além.

Não gosto de justificar uma coisa errada com outro erro, mas nesse caso serei forçado a afirmar que "em terra de sapo, de cócoras com eles". Quero dizer que quando migramos para outros países ou estados e partilhamos nossa vida com nossas diferenças temos de nos adaptar até certo nível, caso contrário não vá. Quando visitamos um país muçulmano nós temos de obedecer aos costumes deles. Não podemos beber uma cervejinha, temos de respeitar o silêncio no horário das orações e nossas mulheres tem de usar o véu, mesmo que esse não seja o nosso costume, estou enganado? Então, não abro a boca para criticar a França ao limitar, de acordo com a sua cultura, os costumes em seu território.

Respeito é uma via de mão dupla!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ética e Imprensa

Excetuando a importância crucial desse tema, afirmo que só veio à tona porque recentemente vi dois exemplos claros de abordagem tendenciosa na grande imprensa.

Não falo das grandes revistas de circulação, os almanaques semanais, pois estes conseguiram sozinhos destruir sua isenção de maneira clara e irrestrita durante os últimos 10 anos, em minha opinião.

Falo desde os grandes fatos aos mais simples.

Em 25 de março observei o título de uma matéria, repetida rapidamente por vários veículos, de que o querido Ronaldo Angelin, cearense velho, zagueiro do Flamengo e pessoa da maior gentileza, teve seu carro rebocado numa Blitz da Lei Seca.
Quando lemos o título imaginamos... estava bébado, dirigindo alcoolizado, é irresponsável e etc.

Mas quando lemos a matéria percebemos que tudo não passou de uma habilitação vencida. Que não é bonito, mas não é tão feio. Fruto mais de desatenção do que de "mau-caratismo".

A mesma situação ocorreu com o Aécio Neves. Mesma situação! Ainda que no caso dele, houve recusa em fazer o teste do bafômetro.

A questão primal desse post é que existem "jornalistas" eu trabalhavam para vender e não para informar. Ora, blitz é blitz! Não existe essa de blitz da Lei Seca ou blitz da carteira vencida ou blitz do extintor vencido, toda blitz fiscaliza tudo, ou devia.

E concluo, a imprensa age de má fé, de maneira tendenciosa, sugerindo fatos polêmicos e sensacionalistas com objetivo puramente mercantilista. E quem se importa se por acaso o leitor só leia a manchete e ficar só com a má impressão da pessoa em foco? Afinal, Ética pra quê?

Obviamente a imprensa precisa se manter como negócio, mas existem formas mais honrosas e corretas de fazer isso.

Lamentável.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pode usar! Claro que pode!

Suzana Vieira no último altas horas, em sua cruzada para manter-se adolescente, afirmou:
"- Quem disse que não posso usar mini-saia? Posso usar e vou usar..."

A fala dela foi essa ou quase essa... bem, está preservada a idéia da fala dela.

Em relação a sua afirmação eu digo que pode, inclusive defendo o direito de poder, claro que pode. Cada pessoa pode fazer o que bem entender desde que não prejudique ninguém.

Agora se vai ficar bonito, são outros 500!
Que o diga a Donatella Versachi que também pode usar fio dental na praia.

domingo, 17 de abril de 2011

Avós

Semana passada fui a uma missa de sétimo dia. Já é a segunda do ano.
Perdi um tio-avô recentemente e perdi meu último avô a um mês.

Sinto falta dos meus avós.

Perdi o meu avô materno ainda muito cedo, num acidente automobilístico. Não tenho lembranças reais dele, apenas as que eu mesmo acabei fabricando com o que sei. Apesar de não lembrar tenho muito afeto por ele por tudo aquilo que ouvi.

Perdi minha avó materna com muita tristeza. Ela morreu em nossa casa, no exato tempo que lhe cabia e meu coração ainda chora a sua ausência. Ela era a mais próxima, a mais amada e mais querida dentre todos. Guardo muitas recordações. De seu cuidado, carinho e das horas maravilhosas que vivi em sua casa, na minha cidade natal. A imagem que representa a saudade para mim tem a ver com aquele recanto da infância, onde era muito feliz. Depois de tantos anos ainda engasgo ao lembrar de tantas coisas.

Perdi minha avó paterna em outro acidente automobilístico. Outra fatalidade. Inesperado. Lembro de cada detalhe naquele dia. Foi muito triste e principalmente por ter visto meu pai tão abatido e vulnerável. Sua partida mudou os rumos da família. Vivi completamente todo o processo, pois, à época morava com ela. A sua falta marcou a todos.

Perdi agora, meu avô paterno. Estava lá quando ele se foi. Quase toda a família estava. Foi de uma forma muito abençoada. Rodeado pelos filhos e netos e bisnetos, como ele gostava. Foi uma partida serena e cercada por uma dor aliviada. Não houve desespero. Doeu muito porque, além de gostar muito de meu avô, eu o tinha como uma homem muito forte, pacato, educado, religiosos e honesto. Meu avô era um homem absolutamente sério, absolutamente honesto e absolutamente humilde. Era um sertanejo admirável, que foi agricultor, retirante e servente. Que sempre enfrentou as inúmeras dificuldades de maneira abnegada e esperançosa. Ele adoeceu, tornou-se senil e resistiu a todos os problemas de saúde com uma fortaleza que desmentiu todos os prognósticos médicos. Mas o homem forte que conversava comigo na calçada, que me contava como tinha sido o namoro com minha avó e como tinha passado por dificuldades ficou cada vez menor, cada vez mais ausente e cada vez mais abatido. Eu o via pouco porque me doía vê-lo daquela forma. Visitá-lo pouco machucou meu pai e chateou uma parte da família, mas vê-lo acamado e sem reconhecer os familiares atrapalhava minha paz. Apenas depois de sua morte é que pude entender bem isso.

Os dois acidentes que me tiraram um avô e uma avó foram pelo mesmo motivo, má conservação das estradas. Mesmo que todos nós paguemos tão caro para mantê-las através de impostos que somem num mar de corrupção. Esses acidentes marcaram profundamente a vida de meus avô e avó que continuaram suas vidas lamentando e sofrendo a ausência dos companheiros.

Hoje estou mais só que antes. A ordem natural das coisas segue, e é bom que assim seja. Enterrar jovens antes do ocaso da velhice e a maturidade dos anos é uma dor imensurável, peço a Deus que nunca a sinta.

Fica a saudade.
Aqui, vovô com uma parte de seus netos e bisnetos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O time do Povo! O time dos Favelados! O time dos Negros!

O Vasco lançou recentemente seu terceiro uniforme, uma bela camisa (sem duplo sentido) com alusão ao fato de ter sido o primeiro time carioca a admitir negros.
Parabéns pela iniciativa comemorativa.
Louvo o fato histórico mas lamento ter sido pelos motivos errados.

Explico; para quem sabe um pouco mais de história é reconhecido que essa glória inegável é até certo ponto controversa. Tudo porque eram tempos de amadorismo ideológico e as ondas de profissionalismo insuflavam os mais diversos debates no ambiente do Futebol.

E o que isso tem a ver?

Ora, era acordo geral que os clubes cariocas que o futebol era e deveria permanecer amador.
Nesse cenário, os portugueses, hegemônicos no segmento de padarias, na falta de grandes jogadores brancos, reconheceram, daí seu mérito, o talento de diversos negros e os empregavam nas padarias e os liberavam integralmente para treinar futebol. Desse modo o Vasco dava um passo importante para a afirmação negra no esporte e avançava no processo modernizador do futebol, ao realizar o que a imprensa da época chamou de amadorismo marrom (depois repetido por outros clubes). Só que isso foi feito burlando um acordo formal entre os clubes. Na prática o Vasco ludibriou os co-irmãos ao não preservar o amadorismo no futebol.

Resumindo, parabéns para o Vasco pela lembrança, parabéns pelo fato, mas a falta de palavra não foi bonita. Contudo o nosso eterno vice não abriu o clube para os negros e brasileiros, nem abriu espaço de respeito aos negros, outrossim, os utilizou como instrumento. Basta refletirmos que o o primeiro presidente do Vasco que não era português ou descendente foi o famigerado Eurico Miranda (eles ainda afirmam ter eleito um presidente mulato em 1904, mas já vi mais gente contestar que afirmar isso).

O resultado disso é que a preferência dos negros cariocas não é dirigida ao time da colina e sim ao mais querido, ao meu Mengão!!! E não só dos negros e sim das minorias e das maiorias e de norte a sul!

J. R. R. Tolkien

Terminei de ler novamente o Silmarillion... estou deliciado!
Tolkien nos presenteou com um universo repleto de grandes histórias. Em todos os seus livros mergulhamos ameaçadoramente nas trevas e na esperança, no desafio e na coragem, sempre com a marca da tragédia, aplacada pelo poder da vida e da criação.

O primeiro livro, na cronologia de sua fantasia foi o último a ser editado e também escrito e reescrito (ou penúltimo se considerarmos o sexto como sexto... calma, vai dar pra entender). O SILMARILLION encarna a máxima bíblica de que os últimos serão os primeiros. Na verdade ele não é um livro, ele é uma compilação de textos que remontam a criação de Arda, onde está a terra média e toda a epopéia da criação dos primogênitos(elfos) e dos sucessores(homens) e seus martírios, suas glórias e desgraças. É demasiado humano. Foi organizado após a morte de Tolkien e "explica" a saga da trilogia do anel.

O segundo livro na cronologia fantástica é o Hobbit, que foi o primeiro a ser escrito. Surgiu como brincadeira para as crianças e acabou virando um livro. É um livro infantil. Completamente. Todas as aventuras e perigos são narrados com uma inocência de 8 anos. É divertido, mas não é, repito, adulto.

A partir daí segue a trilogia do anel, com A Sociedade do Anel, As Duas Torres e O Retorno do Rei, nesta ordem. Tolkien iniciou A Sociedade do Anel na mesma pegada do Hobbit, com uma escrita infantil e progressivamente foi transformando a história numa aventura para adultos. Ao passar das páginas a história vai ficando dramática e escura. Tudo vive a um passo do desespero e do desengano. A todo instante o mal parece que vai vencer. Parece que tudo será perdido, mas a esperança ressurge em detalhes, no improvável, no inesperado e simples. Tolkien foi brilhante.

Ainda há um sexto livro... que não é um livro... Contos Inacabados, que são histórias, contos escritos no cenário de Arda sem ter nexo direto com os acontecimentos, fim ou importância crucial para a saga. Isso não significa que deve ser desprezado. Representa mais um brinde, uma experimentação no universo dos Valar, Maiar, Primogênitos e Sucessores.

Eu concordo com as críticas de que Tolkien expressa preconceitos étnicos na obra. Para mim isso é claro, mas, seguindo minha forma de encarar as obras de arte, não era esse o objetivo de Tolkien. Não são obras "racistas" e não se propõe a disseminar a discriminação. É meramente a expressão de uma pessoa do seu tempo, que vivia numa sociedade "racista" e preconceituosa. Não desmerece a obra em nada, mas merece debate.

E por fim, é uma leitura em certos momentos árida, porque Tolkien se esforça para construir um universo novo, do clima ao relevo e à vegetação. Ele usa muitas linhas para descrever o cenário e isso às vezes é um pouco chato e necessita de conhecimento conceitual de geografia, pois temos de saber o que significam escarpas, planaltos e vales por exemplo. Mesmo assim Tolkien é fantástico.
Acho que vou reler a trilogia! hehehe

P.S. E se tiver mais coisa que eu não sei me informem que eu quero ler hehehe

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Crise Existencial

Daqui a pouco volto.