Jabulani

Essa bola foi feita pra essa Copa!
Apesar de ser uma retórica óbvia, é uma afirmação funesta.

A despeito de esta ser a Copa mais divertida dos últimos 24 anos, essa bola tem tudo a ver com a tendência mundial do esporte. É um desastre para os eternos saudosos da primazia do futebol arte.
As equipes de hoje, pensam tanto em se defender que desaprenderam a atacar.

Não poderia haver bola mais perfeita para esse mundial. É um encontro "kármico"!
Num mundial em que a qualidade técnica das equipes está cada vez mais nivelada por baixo a Jabulani foi criada de maneira perfeita para atender as necessidades do futebol atual.

Numa era em que os times valorizam muito mais a competência tática e a força física em detrimento da habilidade, nada mais justo que seja criada uma bola que seja o craque do time!

A Jabulani tem caminhos incompreensíveis e até a Nasa já afirmou que a partir do 73 km por hora ela é imprevisível. Essa bola cai com uma velocidade espantosa. Ela faz curvas indecifráveis.

Há quem discorde, mas eu vi uma grande quantidade de gols feitos pela bola. Vários goleiros foram surpreendidos pela mudança de direção da redonda. Vários atacantes ruins conseguiram dar efeitos fantasmagóricos em seus chutes.

A grande diferença de um jogador habilidoso para um jogador medíocre é que o craque, intencionalmente, bota a bola onde ele quer, e o "perna de pau" luta para dominá-la. Mas com a Jabulani, a diferença entre eles começa a ser vencida. Com a imprevisibilidade de seus movimentos é cada vez menor a distância entre os deuses do futebol e os botinudos.

A Jabulani é um substrato coerente do que vemos no futebol. Ela veio ao mundial da África, divertido e medíocre, para mascarar a falta do que não é criada, cultivada e valorizada no esporte; a habilidade.
E nada mais justo que a Abertura da Copa retratar a Jabulani com uma bola de bosta! Afinal o besouro da imagem é o famoso "rola-bosta" africano. Ele faz bolinhas do cocô e sai empurrando até sua toca. É justo, muito justo, justíssimo!