No domingo, depois da final, já mais para a noite alta do que para seu início e como estou de férias do trabalho, que deixarei em breve, fui passar a bebedeira comendo uma mão de vaca de primeiríssima linha, acompanhada de pirão e arroz.
P.S. Para quem nunca comeu pode parecer feio, mas garanto que é uma delícia!
Bem, voltando ao bêbado em questão, para variar entrei num debate infindo e sem sentido com um botafoguense doído e lastimoso sobre futebol, sobre a Copa e sobre o Zico.
Começamos falando sobre a Copa. Ele dizia que torceu pela Holanda e que a seleção do Brasil perdeu por falta de um jogador de decisivo. Falei que torci pela Espanha e o porque. Falei que o que faltou ao Brasil foi um bom armador. Coisa que ele retrucou falando muito mal do Kaká. Eu discordei e afirmei que o grande responsável negativo era o Dunga, afinal o Kaká vem de lesão, quase não jogou esse semestre e nunca, repito, nunca foi um armador de qualidade. Ele sempre foi e é um jogador de arrancada vertical em direção ao gol, que finaliza bem e é decisivo, mas depende do preparo físico essencialmente. O chorofoguense não conseguiu compreender isso e continuou a repetir a mesma sandice. Disse a ele que o termo que ele usava estava equivocado, o que ele queria dizer com "jogador decisivo" deveria ser "armador competente" porque se a bola chegar o Luiz Fabiano põe pra dentro. Diante da negativa do cara, eu proferi a célebre frase:
- Dai a César o que é de César!
Ou terá sido:
- Não queira colher uma goiaba numa mangueira!
Ou ainda:
- Macho, tu tá falando besteira!
Muito bem, independe a filosofia posta, o importante é que não podemos exigir das pessoas o que elas não tem para dar. Querer transformar o Kaká num armador é tolice. Foi aí que o nobre integrante da cachorrada, que a cada instante mostrava um chaveiro do Botafogo para mim, alardeou a segunda bobagem da noite. Falou por longo tempo sobre a Copa e sua importância qualificando a Copa como o ápice da qualidade técnica do futebol mundial. Discordei novamente.
A Copa nem de longe é mais o ápice da qualidade técnica, acho até que nunca foi. A Copa é o píncaro do futebol, a convergência de todo o mundo da bola, mas é um torneio de 30 dias. São no máximo 7 partidas e que ocorrem no fim da temporada dos principais campeonatos. As equipes tem menos de 30 dias para treinar e os grandes jogadores chegam ao campeonato cansados de até 60 jogos da temporada. Excetuando o nacionalismo, a Copa é um campeonato onde brilha quem está no melhor momento e não necessariamente quem é mais craque.
Minha conversa foi inútil porque em seguida o referido torcedor do freguês carioca veio criticar o Zico. Aí a paciência se esgotou com um sonoro:
- Aí tu tá de palhaçada!
Ou seria:
- Rapaz, tu está sendo muito injusto!
Ou ainda:
- Discordo completamente!
As críticas foram tão sem fundamento que não vou reproduzí-las. O importante é afirmar que o Zico só não ganhou a Copa mas atuou de maneira tão marcante que até hoje lembramos da seleção de 82 e não nos recordamos de todos os titulares da conquista de 2002. Marcou era jogando pelo Flamengo, onde foi campeão de tudo e permanece como maior artilheiro da história rubro-negra. Que jogou no Udinese, um time pequeno que frequenta constantemente a segunda divisão italiana e foi vice artilheiro da liga principal, e deixou saudades. Que "fundou" o futebol Japonês atuando pelo Kashima, onde é venerado até hoje!
Já viram que o restante dos presentes continuaram sua vida de amenidades enquanto os dois alcoolizados do fim da mesa debatiam ao berros sobre futebol. Claro que quando cansamos, declaramo-nos amigos "ad infinitum" e prometemos solenemente conversar mais noutra vez.
Aconselho a mim mesmo a seguir os conselhos do taberneiro que ao ouvir o bêbado falar de política disse:
- Amigo, aqui não falamos de política porque gera conflito.
Depois o bêbado iniciou uma conversa sobre religião, ao que o taberneiro interferiu:
- Jovem, aqui não falamos de religião porque gera conflito.
E ainda interferiu na conversa novamente quando o referido bêbado começou a falar de futebol:
- Rapaz, aqui não falamos de futebol porque gera conflito.
Então o bêbim perguntou:
- Podemos falar de sexo aqui?
E o taberneiro responde:
- Podemos.
E o "pé de cana" indicou:
- Homi, vá tomar do meio do seu **!