quarta-feira, 20 de maio de 2009

Cizânia

Trago um incômodo.

A torcida do Flamengo é linda e absurda de tão maravilhosa. O Flamengo passa de grande, ele é gigante. Mas toda a sua força também é fruto do fato dele não obedecer às fronteiras do estado do Rio de Janeiro. O Mengão tem a maior torcida do planeta porque há muito tempo deixou de ser um time apenas do Rio de Janeiro. Ele é um time da Cidade Maravilhosa e lá está sua casa, e também a nossa como rubro negros de todo mundo, mas seu sangue se espalha para muito além da Gávea, da Guanabara, do Sudeste e do Brasil... O Flamengo vive em cada Rubro Negro, caralho! Essa torcida gigante não surgiu do nada, surgiu da proximidade. Desde que a divisão de esportes terrestres do Flamengo treinava na rua... não tinha campo, era junto com as pessoas, a molecada, que o Flamengo foi nascendo para o futebol e apaixonando a todos. O Flamengo, o clube e o time, nada mais é que a materialização da massa magnética que, como eu, não perde um jogo, uma notícia, uma nova camisa, um novo sorriso ou choro. Também não deve haver a ilusão de que essa massa não necessita de oxigênio. Sabemos na carne que quando a torcida se afasta do time, vivemos um inferno tal, que quase não suportamos olhar o horizonte.


Os torcedores “off-rio”, e os cariocas amplamente, precisam do carinho do clube, da mesma monta que dispensamos tanto afeto pelo Flamengo. Mas quem mora longe, e muitas vezes tem apenas uma chance a cada 2 ou 3 anos de ver o time, tem de ser respeitado. O Mais Querido chegou a Porto Alegre escondido da torcida, saindo por trás, longe de todos. Isso não se faz. 5 abnegados rubro-negros aguardavam a horas no aeroporto para fazer uma única coisa... dar carinho ao time. Malograda espera finda em decepção. Estou no Ceará distante milhares de km de Porto Alegre e daqui me dói, porque isso também já sofri de igual forma.


Flamengo esteve aqui e levei meu garoto de 7 anos para ver o time. E meu moleque, que se chama Arthur por motivos óbvios, voltou para casa gritando no carro por longos 35min... tudo por uma foto que ele tirou com o Bruno, nossa muralha. Ali, naquele flash, na entrada do hotel foi reforçado um dos laços mais lindos que posso imaginar. Ali foi selada a paixão de mais um componente de uma nova geração de Rubro Negros, de seres apaixonados que se elevam a cada gol.


Driblar a torcida, as crianças e muitas vezes afastar famílias dos jogadores em recepções de hotéis é, além de desrespeito, contraproducente.


O FLAMENGO se fez grande por estar próximo, afastar os ídolos da torcida só nos enfraquece e nos entristece.


Fica aqui o meu protesto pela conduta dotada em Porto Alegre pela delegação Rubro-Negra.

3 comentários:

Júlio Cézar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Júlio Cézar disse...

Belas palavras! Concordo integralmente.

Contra a Maré disse...

É covardia conosco...