quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Capitalismo

Não é difícil de entender, pra ser sincero é bem simples.

Como compreendo existem dois motivos substantivos para o sucesso da lógica do capital. O primeiro é que ela é uma estratégia produtiva de extrema competência, nenhuma outra lógica permitiria tanto excedente. O segundo é que se insere numa dimensão muito básica da humanidade, é uma lógica inteiramente infantil, associada ao egocentrismo e insaciedade típicos da infância. É calcado no desejo... que desejo? Todo o Desejo!

Como argumentação apresento um "case" rsrsrs.

Nosso pequeno, no alto dos seus, na época, 7 anos, chegou para mãe e afirmou:

- Mãe, tu sabia que as pessoas ricas não trabalham? Elas nunca trabalham!
- É mesmo meu filho?
- É mãe, eles tem mordomos que fazem tudo por eles. Não precisa fazer nada, eles pagam para outras pessoas fazerem as coisas por eles.

Capitalismo puro!!! Marxismo puro(Marx - foto)!!!

Isso me dá uma certa angústia, ou melhor, uma enorme angústia, porque a lógica do capital é pouco cooperativa. Ela transborda na idéia de que podemos lucrar sobre o trabalho de outras pessoas. Ela é de fácil acesso e é cômoda para quem tem recursos e incômoda para quem não tem. Ela é instigadora, competitiva e alienante. Porém é sua condição de insustentabilidade que me apavora. Numa sociedade regida pelo capital sem regulação, não há cidadania que não seja paga. A estratégia produtiva é suicida, em algum momento acaba com os recursos e implode sua própria economia e o meio ambiente. Só há um desejo no capitalismo: MAIS!
E de desejar os infantes entendem muito bem.

Passo um tempo pensando na sofisticação que princípios de partilha e comunidade exigem. São difíceis de atingir, mais ainda de manter, requerem tempo e não são entendidos rapidamente. É uma luta injusta de educar os filhos em contrário do império dos desejos. Como se já não fosse suficientemente difícil, ordenar meu próprio desejo, meu próprio fetiche de consumo.

Mas meu coração parte mesmo é de notar que essas reflexões do pequeno vem à tona justamente no semestre que estamos quase sempre... trabalhando!

2 comentários:

Luciana Nepomuceno disse...

eu sou tão mafalda que dói...

Ana disse...

Muito lucido, Compadre...