quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quando eu venho de Luanda

Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só
Trago o meu corpo cansado
Coração amargurado
Saudade de fazer dó
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Eu fui preso à traição
Trazido na covardia
Que se fosse luta honesta, ô iaiá
De lá ninguém me trazia
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago duendo nas costas
Todo o peso da maldade
Trago ecoando no peito
Um grito de liberdade
Liberdade eu quero agora
Se eu quero não vai tardar
Liberdade é esperança
Na força dos orixás
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago no meu peito a noite
Na mata brilha o luar
Na minha alma eu pressinto
Energia de Oxalá
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago as marcas das carícias
E corpo de açoite
Na boca brilhando a lua
Na pele brilhando a noite
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago as penas da saudade
Da terra que lá deixei
Se a tristeza vem marcada
Da mulher que lá larguei
Trago as penas da saudade
De tudo que deixei por lá
E pulsando forte nas veias
O sangue dos orixás
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago os meus pés inchados
E o meu peito amargurado
Como um ídolo de maldade
Como um ídolo de maldade
Dentro de mim trago um grito
Que um dia será ouvido, oi iaiá
Clamando por liberdade
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Trago as marcas do meu povo
Que é de herança guerreira
Que se faz negro valente
Jogador de capoeira
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só

Eu trago no meu peito um grito
Um grito da vida inteira
Um grito de liberdade, ô iaiá
Um grito de capoeira
Um grito de raça negra
Uma raça perseguida
Um grito de toda dor, oh! meu Deus
Um grito de toda vida
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só
Não venho só
(Mestre Tony Vargas)

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