terça-feira, 2 de setembro de 2008

Xangai

Estive a 10 dias no excelente espetáculo do Xangai.

Negócio bom com sobras... O show foi muito bom.

Agora, minha mesa estava repleta de mulheres falantes e devidamente "altas"... fomos repreendidos pela zoada... e com razão... rsrsrs

Fui no camarim e peguei na mão do cara! kkkk

Foi bom demais!

Pena que eu nunca consegui vê-lo executar uma de suas interpretações sublimes ao vivo... obra de arte de outro cara imprescindível, Elomar... não foi ainda desta vez... mas mando pra vcs a letra:

Violêro

Elomar

Vô cantá meu canto de primêro,

as coisas lá da minha mudernagem,

que me fizéro errante, violêro,

eu falo séro, e num é vadiage.

E pra você que agora está me ôvindo,

juro inté pelo santo minino,

virge Maria que ôve o que eu digo,

se fô mintira me manda um castigo;


Apois, pro cantadô e violêro,

só ai três coisas nesse mundo vão,

amor, furria, viola nunca dinheiro,

viola, aforria, amor, dinheiro não...

viola, aforria, amor, dinheiro não...


Cantadô de trovas e martelo,

de gabinete ligeiro e moirão,

ai cantadô já corri o mundo inteiro,

já inté cantei nas portas dum castelo,

dum rei que se chamava de João,

e podi acriditá meus cumpanheiros,

dispois de tê cantado o dia inteiro,

o rei me disse fique, eu disse não;


Apois, pro cantadô e violêro,

só ai três coisas nesse mundo vão,

amor, furria, viola nunca dinheiro,

viola, aforria, amor, dinheiro não...

viola, aforria, amor, dinheiro não...


Se eu tivesse de vivê obrigado,

um dia iantes desse dia eu morro,

Deus fez os homi e os bicho tudo fôrro,

já vi iscrito no livro sagrado,

que a vida nessa terra é uma passagê,

e cada um leva um fardo pesado...

É um ensinamento que dento da mudernage

eu trago bem dentro do coração guardado...


Apois, pro cantadô e violêro,

só ai três coisas nesse mundo vão,

amor, furria, viola nunca dinheiro,

viola, aforria, amor, dinheiro não...

viola, aforria, amor, dinheiro não...


Tive muita dô de num tê nada,

pensando que esse mundo é tudo tê,

mas dispois de pená pelas istradas,

a beleza na pobreza é qui vim vê,

vim vê na procissão louvado seja,

o malassombro das casa abandonada...

coro de cego nas porta das igreja,

e o ermo da solidão das istrada...


Apois, pro cantadô e violêro,

só ai três coisas nesse mundo vão,

amor, furria, viola nunca dinheiro,

viola, aforria, amor, dinheiro não...

viola, aforria, amor, dinheiro não...


Espiando tudo do começo,

eu vô mostrá como faz o pachola,

que enforca o pescoço da viola e revira toda moda pelo avesso,

e sem arrepará se é noite ou dia vai longe cantá o bem da aforria...

Sem um tostão na cuia o cantado,

canta inté morrê o bem do amor...


Apois, pro cantadô e violêro,

só ai três coisas nesse mundo vão,

amor, furria, viola nunca dinheiro,

viola, aforria, amor, dinheiro não...

viola, aforria, amor, dinheiro não...


Quem quizer pode ver no youtube...
http://br.youtube.com/watch?v=KtHZVb3qMzI&feature=related

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