quinta-feira, 1 de abril de 2010

B1,B2 e B3

Ontem não escapamos, nem eu nem meu amor, de sermos questionados sobre a final do Big Brother Brasil 10. Muita gente ficou mobilizada para a final. Muita torcida e muita promoção. A votação recorde no mundo, alcançada ontem me deixou apreensivo. Confesso que esse programa "me assusta, enerva e aborrece".

Explico.

Ele é uma franquia vendida a vários países e a milhões de pessoas, feita a partir de uma idéia filosófica/fictícia/científica dos idos das décadas de 70 e 80. O BBB comprova que gostamos de ver gente na TV, gostamos, sobretudo, de ver gente que possamos nos identificar, desejar e almejar. Não varia muito, mas o gosto pela vida alheia é tão humano quanto sofrer ou quanto amar ou quanto morrer. Aproveitando-se disso, foi criada uma fórmula de programas pretensamente reais, os "reality shows". Em geral, são programas legais, mas nem sempre.

Confesso que assisti os três primeiros com certa regularidade, até confirmar que há (aceitar é o termo mais preciso) muita manipulação no programa. É um show com um nível de "realismo" muito aquém do esperado.

As inscrições eram abertas e pessoas "comuns" poderiam candidatar-se. Uma multidão comprou umas revistas para buscar a inscrição. Tempos depois participantes davam entrevista dizendo que nem haviam se inscrito. Em vez de anônimos, vez ou outra descobrem-se participantes bem conhecidos na Globo, que já fizeram ponta, namoraram com algum alto funcionário ou é amigo de alguém que é amigo de alguém. Em outro momento, para alavancar a Globo.com recém lançada, estipularam uma regra de que as inscrições precisariam de cadastro no portal. Outro engano. O Pay-per-view mostrou o monte de interferências, com "cagaços" aos berros da produção quando um participante andava fora do esperado. O Diretor, que na minha opinião pessoal, é pessoa de "carácter duvidoso", reclama de forma grosseira de participantes que se arriscam. De outra feita, preocupados com a repercussão da "mentira" sobre as inscrições "públicas", resolveram sortear de verdade pessoas comuns, que ganharam todas até mudarem a regra e excluírem os pobres do programa. Lembro também que tivemos em mais de um momento pessoas que "quase" surtaram durante o programa. Situações de fome, bebedeira e erotismo induzidos são comuns. Tentaram inutilmente por várias vezes "emplacar" algum BBB que deu mais IBOPE.

Mas tudo isso é pouco mediante a questão primordial que me incomoda. A minha questão é a valorização dos ideais errados! E o culto a falta de princípio. Está cada vez mais radical a seleção para entrar. Quanto mais bonito, vulgar, complicado, fútil e sarado melhor! E é esse tipo de perfil que me arrepia quando formam torcida organizada e em prol de A ou B. Tudo bem que passa rápido, mas é a prova de que nós somos uma massa manipulável a níveis desconcertantes.

Resumindo:
Não assisto. Não gosto. Não valorizo. E quem participa do programa prova que não vale muita coisa.

2 comentários:

Luciana Nepomuceno disse...

Tô contigo e não abro...embora pessoalmente possamos bater boca sobre isso. A gente decide depois quem defende o quê.

Aline disse...

Estávamos num restaurante e a TV ligada na final do BBB. Precisava ver. Clientes e garçons assistindo atentamente. Até o sushiman saiu detrás do balcão pra acompanhar.