segunda-feira, 20 de setembro de 2021

 AS FICHAS FLUTUANTES.

O universo bovino, a amplitude de suas pautas e o alcance do berrante.

 

Em tempos de fascismo emergente, conservadorismo pungente e conhecimento fugidio, temos o desenho crível de três posturas políticas gerais do brasileiro (obviamente existem mais). Desde já, povo reconhecido como exótico, de temperamento volúvel e visão turva.


O último sucesso nas passarelas foi o “facistóide” padrão, de compleição bovina e movimento “quixotesco”. Que me perdoe Dom Quixote, que definitivamente não merece a associação.

Em seguida temos o clássico modelo “antifascista”, mergulhado em angústia e perdido na iniquidade política do país.

E anunciamos, com galhofa e fogos, o último lançamento da moda, o “isento-murista”, ideário da 3ª Via, seguidor da linha tênue do liberalismo-conservador-isento-superior-nãopolarizado conhecido como “não tenho partido”, ou por “não tenho ideologia” ou ainda, “votei no Amoêdo”.

A despeito da gravidade, muitas “fichas” flutuam habilmente no cenário político e midiático brasileiro orientadas pelo ordenamento temático do movimento robótico nas redes sociais. Em relação a elas (fichas), os facistóides são absolutamente contrários, os antifas são absultamente favoráveis e os isento-muristas fazem muita força para dizer que não existem e se existirem, não é com eles.

Verificamos que possuímos uma grande incidência de pessoas que consideram-se “isento-muristas” na perspectiva de que estão fora da lama “polibióticamineralizada” em que nos atolamos. É uma galera que está acima do bem e do mal, refugiada num santuário de pretensa lucidez e compreensão.

Ocorre que, paradoxalmente, os modelitos liberalóisdes na economia e conservadores nos costumes, ou seja, terno na frente e bunda de fora nas costas, reverberam na maior facilidade o mugido do gado. De braços dados, facistóides e isento-muristas relacionavam-se tão intimamente que pareciam um só no alvorecer do tempo.

A duras penas, cruzamos o vendaval disforme de 2013, da copa e das eleições fantasmagóricas de 2014 para a direitola, esta, dando piti generalizado por ter perdido mais uma vez. Passamos pelo golpe e pela gestão de Nosferatu, sempre com promessas de leite e mel, e com o pagamento de sabugo velho. Os direitos foram caindo na mesma proporção que o saco de um bode velho, e nosso bolso foi esturricando na mesma velocidade que os bancos batem recordes de lucro.

E chegamos em 2018 jurando que já estávamos exauridos. Porém, muito mais estava por vir. Muitas ondas de mamadeiras de piroca, de escolas sem partido e de vírus chinês estavam nos esperando logo ali, dobrando a esquina, onde alguma sumidade gentílica oligofrênica ocupa-se em esculhambar Paulo Freire.

Os facistóides e os isento-muristas estavam felizes com a negativa de um certo Habeas Corpus de um certo ex-presidente que o impediu de concorrer às eleições. Eram dias de paz e harmonia com o STF e com a justiça e de elogios à legalidade no país. A exaltação das togas e o arrebatamento patriótico era o tema do sucesso.


Em ato contínuo, essa felicidade apoteótica foi estendida ao resultado das eleições, que foram mais controversas que virgindade em puteiro. Era um apontamento de dedo constante com acusações de estarem torcendo contra e imprecações de um futuro messiânico.

Não dá pra esquecer das previsões diárias da eclosão da mais pura cornucópia de prazeres, de economia fálica, rompendo todas as barreiras do enriquecimento coletivo. Era uma tele-sena horária de um tal de “tiramos o PT” e agora não tem mais corrupção, acabou a mamata.

De um lado Guedes, do outro Moro. Liberalismo e combate à corrupção. Tudo fofo! Agora vai! Tudo tão maravilhoso que haviam lágrimas patrióticas nos olhos de cada tiozinho saudoso da ditadura nos encontros da família.

Mas, inesperadamente para o bonde da bandeira nunca vermelha, começou o mimimi federal: não posso fazer nada, o Congresso não deixa, o problema é o centrão. Destaque máximo do carnaval, o puxador de samba Heleno de Tróia, com seu hit “Se gritar pega Centrão”, tocava em todas as rodas de samba patrióticas.

A “latumia federal” pariu atos antidemocráticos, que foram abraçados por facistóides com alvoroço e com reticência pelos insento-muristas.  Diante das críticas, o berrante vociferou que o problema era a mídia. O problema é que estão torcendo contra. O problema são os comunistas!

Faz mister compreender que a união das duas posturas vai erodindo sutilmente pela falta de robustez e pujança no campo econômico. A manada de zebus não entende nada do que estão repetindo, mas o percentual de nelores, que se julga wagyu, ficou cada vez mais desolado com o pobre garoto de Chicago.

A montanha russa de 2019 termina como começou, com promessas antigas, novas promessas e promessas ultra renovadas. A economia vai decolar! Não decolou, só para constar.

E foi aí que a China, aquele país malvado que tem pacto com o demônio comunista (igual ao Papa, que é um traidor comunista), manda um vírus letal para ferrar com todo o planeta. Aliás, ficaram muitas dúvidas se havia realmente um vírus, se ele realmente matava, e se aquelas milhares de mortes eram tudo mentira deslavada. O gado muge! Gripezinha! Histórico de atleta! Todo mundo vai morrer! A economia não pode parar! Salvem os CNPJs! Já os isento-muristas, não tão desenvoltos na ruminancia automática, limitavam-se a apresentar dúvidas. Essa vacina é segura? Essa tecnologia nova me parece perigosa! Isso veio de um laboratório! É guerra biológica!

O mundo treme e o Superjudgment Quackmoro sai do bonde! Fogo no parquinho! A união fica frágil. O gado ataca! Traidor! Canalha! Vagabundo! A dissidência sobre o grande muro da sapiência e isenção vive um festival de gritaria e dedo no cú.

Os mortos se acumulam. As mortes por problemas respiratórios indeterminados se multiplicam. Cloroquina! Cloroquina! Um bálsamo para a manada ávida de salvação. Ivermectina! Kit covid! Ozônio no cú!!!!! Ozônio sabor limão, sabor menta, sabor maracujá! Abaixo as ditaduras dos governadores e dos prefeitos!

Por via das dúvidas, a galera da isenção, tomou seu remedinho sem alarde, afinal, que mal tem né? Alguns morreram. Fazer o quê? Tem algum coveiro aí? Lamento.

A vida seguiu ladeira abaixo e as cosias tornaram-se cada vez mais complexas. Brotou do rejunte dezenas de pedidos de impedimento, todos devidamente refutados pelo rebanho e ignorados pela insentolâdia. A solução para essa crise comunista patrocinada pelo próprio Marx vindo direto da matrix foi pegar o Centrão, tascar um beijo bilionário neles e jurar amor eterno. Putz, fundiu as cabeças coroadas no pasto. Pânico no curral! Mas o bovino, antes de tudo, é um resiliente, e hoje, nem se preocupa mais em dar desculpa. A escalada de declarações de cumplicidade que começou com o antiguado “somos todos cunha” e que passou pelo “eu sou o caixa 2 do Bolsonaro” atingiu o mais alto grau de porralouquice no choro do estado de sítio do pica pau amarelo, mas é num capítulo mais adiante.

Não resistirei ao parêntese do: “eu sou o chifre do Bolsonaro”. Não vi faixa, mas com certeza ela existe em algum lugar desse brasilzão vida louca!

Retornando a nossa moagem de fatos, que gera resíduos para alimentação do gado, o fantástico mundo do muro achou ruim. Falaram cem chateação. Ameaçaram ficar “de mal”, mas seguiram utilizando clássicos como o “brasil não tem jeito”, “se eu pudesse ia embora”, “vai virar uma venezuela” e assim por diante.

Porém, isso durou pouco, porque no avanço dos inquéritos das Fake News e dos Atos Antidemocráticos o discurso volta a alinhar-se, se não na forma, mas no mérito. Afinal, esses malditos ministros do STF soltaram o demônio da cadeia, aquele ser bestial que tem o voto do populacho, inclusive do populacho direitoso. Aquele ser que atormenta as noites do liberalminions. Maldito STF!

Contudo, quando os power rangers de toga aliviam seguidamente para Flavim e família, não tem chateação. Talvez um leve bufar sobre a enorme parede que abriga aquela galera isentalóide. A STFcracia só incomoda quando fere os interesses, próprios.

E aquela vontadezinha de uma 3ª via direitosa que não passa? Golpe feelings! Saudade do Nosferatu!

No tempo do agora, a democracia brasileira, tão bobinha, sofre diariamente na “língua” desse povo, que planeja arduamente melar as eleições de 2022. Que deseja de coração a liberdade que só uma ditadura pode dar. Pelo voto impresso auditável e com apuração pública e com os G.I. Joe fazendo a segurança.

A moral da história é que o gado zebu dispensa argumentação, mas os isento-muristas, que tanto alardeiam independência, criticidade e visão além do alcance, que votou 17 ou se eximiu (isento raiz), mas que gabarita a pauta federal um dia depois do outro, na verdade tá mais para gado nelore, do que para outra espécie mamífera.

Certo é que ano que vem, todos choraremos, mas por motivos diferentes.


As fichas estão lá, mas teimam em não cair.


Uma produção dos Jedais



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