segunda-feira, 11 de abril de 2022

O misterioso Esquema do Paulo Sousa

Como eu disse antes, ia ter que fazer um tutorial para explicar o esquema do Paulo Sousa, porque geral, inclusive gente que eu respeito muito, tem feito colocações muito equivocadas a meu ver. 

Eu não sou estudioso do tema, sou pitaqueiro, e na boa, só passei a me interessar a partir de 2019, porque o Jorge Jesus fundiu o pouco que eu sabia e fiquei realmente curioso para entender a tática dele. Até hoje não entendo bem (hehehe).

Vou mandar a letra agora, porque o PS flexibilizou o esquema no primeiro jogo da Libertadores, e ontem, no empate com emoção contra o Atlético-GO, manteve a mudanças. Ainda não posso falar bem dessas mudanças, mas pareceu-me que agora ele vai usar na saída de bola ou atacando um 3232 ou 3241 e defendendo um 442 ou um 451. Ainda não sei ao certo, mas com alguns jogos eu tiro minhas dúvidas.

Até o dia 5 de abril, no entanto ele usou quase 15 escalações diferentes no exato mesmo esquema tático. Até então, ele se recusou peremptoriamente a ceder um milímetro de suas convicções. Era um 343 conservador com três zagueiros, dois volantes, dois alas defensivos, 2 atacantes fora da área e com apenas 1 atacante de área. Vamos à demonstração desenhada! Destaquei mais de um aspecto em cada imagem, e os associei por cores. Usei como demonstrativo o jogo contra o Vasco no campeonato carioca com as imagens dos melhores momentos do Globo Esporte.

P.S. Eu, particularmente, não gosto nem um pouco do esquema original. Vou apenas demonstrá-lo e não tenho nenhuma intenção de defendê-lo.

 

Comecemos pela formação da Defesa. Era uma linha de 3 absoluta. 

E o padrão se repete.


Novamente.


Ai, mas eu vi uma linha de 4!!! Na minha opinião é engano seu, observe.

Vou tentar explicar como eu entendo que se forma essa falsa linha de 4, no esquema original dele.


E o ataque? Com 3, dois fora da área e 1 dentro da área, sendo, praticamente, os responsáveis por toda articulação ofensiva, visto que os alas se preocupam primeiro em defender e depois em apoiar.

Aí segue numa rara mudança de posição com os alas. Talvez na cabeça do Romântico (PS) isso deveria ocorrer sem para, mas não ocorre e acho difícil ocorrer.

Aí, para sacar a lógica da movimentação geral, aplicado ao esquema e dentro dos princípios do jogo posicional, vou tagarelar numa falha de recomposição da zaga.



E por fim, tentando costurar toda a lógica do esquema numa situação defensiva numa imagem só, ou quase isso:


Então, é um esquema falsamente ofensivo, que tem mais preocupações e falhas defensivas do que agressivas. Tem posse de bola e controle de território, mas tem baixa penetração e cria uma quantidade de chances de gol inferior ao esperado. Falta velocidade, falta criatividade e falta jogador polivalente. Não considero adequado ao elenco e o PS não parece preocupar-se em conhecer o elenco. Funciona muito na lógica de que os jogadores se adaptam ao esquema dele. É um erro. Vou colocar aqui um comentário do @ericfaria74 ao qual eu concordo de maneira integral:


 
E é isso. Agora é aprender direitinho as mudanças que ele implementou.


P.S. Seria pedir demais? Acho que sim...






 



domingo, 10 de abril de 2022

Basófia

 Parece que as coisas não passam, como se não acontecessem.

Como a revoada das folhas ao vento solto trazendo chuva,

pois como era dantes, retornam ao solo.

Besteira minha conotar sentido para aliviar o torpor de sentir depois,

para esmaecer a dor que antecipei e que esqueci no tempo.

Viver na sanha de contar passado, esquecer o agora e defender-se do futuro.

Quero sonhar seguro, um futuro que não chega, sem as dores que não passam, porque são parte de mim.


Évio Gianni


Autor desconhecido


sexta-feira, 18 de março de 2022

Vamos lá. “Era” Paulo Sousa

Após mais de 60 dias de trabalho e 10 jogos da equipe na temporada sobre seu comando, já tenho algumas compreensões e uma ou outra convicção sobre o trabalho dele, e sobre o que poderá ser.

Lamentei a contratação. Dos nomes ventilados, seria minha última opção. Pela imprensa e entrevistas dos diretores um dos critérios mais destacados para a escolha foi a vontade expressa de treinar o Flamengo. É um critério relevante, mas não entra na minha cabeça ser o determinante. Os principais critérios devem ser técnicos.

Isso me faz imaginar que o Clube (Diretoria) não entendeu a correlação de forças e a localização de mercado do Fla no cenário mundial. Nós queremos treinadores de qualidade? Sim. Europeus? De preferência, porque é onde se tem as melhores escolas táticas do mundo e aqui é um deserto tático. Teremos treinadores de qualidade, de 3ª ou até 2ª prateleira da Europa? Sim. Por mais de uma temporada? Não.

É um erro repetido. Depois do trauma da saída do JJ a direção só bateu cabeça. Trouxe o Dome, que é um treinador inexperiente e que joga com jogo posicional, que é ótimo, mas no Brasil não vai ser fácil implementar. Praticamente nenhum jogador brasileiro viu essa tática na base nem no profissional. Nunca treinaram. Essa lacuna é a principal responsável, a meu ver, do fracasso europeu de vários brasileiros. O mesmo não ocorre com os Argentinos, que tem vivência no esquema e consequentemente tem uma adaptação mais fácil por lá. Depois da primeira tragédia anunciada, fizeram a segunda temporada, com o Ceni. Um técnico inexperiente, com longo histórico de problemas de relacionamento, que só fez trabalhos sólidos em times medianos. Sabotou a equipe por muitos meses com invencionices, teimosias e notória inabilidade de montar um esquema que ataque e defenda com a mínima qualidade. Seguiram errando trazendo Renato, que é um técnico eticamente lamentável, e com um esquema repetido, antiquado e sem variação. Tudo isso, fruto da incompetência dos diretores na compreensão tática do jogo.

Escolher um técnico tem de passar pela adequação do elenco com a tática, com o mínimo de continuidade. É uma zona no Flamengo. Começou a gestão do grupo atual com Abel Braga, num esquema 442 defensivo do tempo paleolítico, que foi seguido do JJ num 442 ofensivo com mudança de posição e cobertura de bola, em sequência para um 433 posicional que só sabia atacar, seguido de um esquema 442 Frankenstein perdidaço que ou atacava ou defendia, seguido de um 4231 reativo sem variação e agora de um 343 posicional. Alguém consegue identificar uma lógica de contratação de treinador?

Mas cá estamos. Com Paulo Sousa. E com ele devemos vencer.

Voltando ao Romântico (Paulo Sousa), algumas coisas estão muito nítidas. Ele tem um esquema e não muda o esquema. Ele variou muito a escalação nas partidas, mas só alterou a estrutura do time em situações de desespero, no fim do jogo, para evitar derrotas. Ele tem a filosofia de que o jogador se adapta a tática e não o contrário. Não é vaidoso a ponto de não realizar adaptações, mas a proposta é essa, joga quem encaixar nela. Ele não parece respeitar crachá e nem histórico, apenas desempenho, obediência tática e liderança. Tem fama de ser franco e acessível. Muita coisa boa.

Ocorre que o esquema dele é o 343, varia para 3241 atacando e para 3421 sem a bola e até um 541 defendendo, mas o esqueleto é o 343. Isso nos coloca numa situação peculiar, pois nosso elenco não está dimensionado para um 343 e é mais uma demonstração de inabilidade de nossa direção de futebol. E mais, esse 343 é com jogo posicional. Aí os cabelos embranquecem na minha cabeça, e caem.

Destaco o detalhe relevante de que nosso elenco, para esse esquema, tem zagueiros de menos, laterais demais, volantes de menos e meias e atacantes demais. Quanto aos atacantes, temos mais pelo meio, e menos pelos lados. Mudar o elenco é mais demorado e dispendioso do que escolher um treinador que trabalhe num esquema compatível. Sem falar que não temos tempo de muita recomposição de elenco.

O time está, como esperado, demorado a adaptar-se, e alguns jogadores não estão sendo aproveitados por ter dificuldade nas movimentações. O alívio é ver que o Romântico sabe o que faz. Ele demonstra que entende de como treinar e a equipe comporta-se de maneira equilibrada entre defesa e ataque e tem criado bastante apesar das oscilações. O 343 traz outra novidade, não tem lateral. O torcedor médio está patinando e ainda parece longe de acostumar-se com a ideia, tão boa e útil no familiar 442 (que eu prefiro e defendo). E traz outro detalhe, que me inquieta, não tem meia armador. O meio é formado por 2 volantes em linha ou alternados e dois alas, que como é próprio da posição, tem mais preocupação defensiva do que ofensiva. Ele busca jogadores polivalentes que primeiramente defendam, passem bem e eventualmente faça uma jogada de linha de fundo, preferindo triangulações na quina da grande área, abafar na retomada, e concluir de fora da área em rebotes. As ações ofensivas são construídas pelos 3 atacantes, que são dispostos com um jogador centralizado dentro da área e dois móveis fora da área dispostas a direita e esquerda. Não há debate, o esquema é esse. Doa a quem doer.

E estou pasmo de ver uma galera que é profissional de mídia esportiva não entendendo o esquema e dizendo que o time joga num 442. Que absurdo, que asneira, que ignorância. Eu vou ser obrigado a publicar depois um tutorial demonstrando o esquema porque vamos e convenhamos, é inadmissível a galera se confundir.


Eu acho que esse esquema vai dar certo. Mas lamento por sua aplicação. É difícil explicar meu lamento, mas vou tentar. A Europa não forma meias armadores de qualidade em quantidade suficiente para o seu mercado e nem consegue comprar (é caro) porque a oferta é limitada. Ela também não forma laterais de exceção. E a tática deles adaptou-se a isso, a ter muitos jogadores fortes na marcação e no passe e poucos criadores. Esses meias, em sua grande maioria (embora poucos) foram se tornando meias atacantes, até com a introdução do famigerado falso 9, que virou modinha louca por lá, até porque eles também não formam muitos centroavantes. Então, eles se sobressaem na organização, e não precisam se preocupar com a qualidade porque já é rara, e hoje, já está tão massificado que eles passaram a transformar meias armadores, quando surgem, em atacantes/pontas ou em volantes. Para mim é uma derrota do futebol arte, bem jogado, com muita técnica. Mas o Flamengo 2022 é assim. Tem 3 vagas de ataque, os jogadores que lutem. Gabi, BH, Pedro, Arraxca, Vitinho, Marinho e talvez o Ribeiro junto com os meninos da base vão lutar por uma delas. Só jogam 3, não adianta emputecer.

Obviamente eu faria diferente. Mas o time é do PS. Deixa o cara trabalhar. Acho que vai dar certo, mas não vai dar certo com o encanto de 2019. Podem chamar de viúva à vontade. Sou mesmo. Nunca mais acho que verei tanta beleza em campo. Um time que prioriza o talento técnico, é o que faz o futebol ser o que ele é, lindo! Burocracia sem classe, faz o contrário, é vazio. Mesmo sendo campeão, é só para contar na sala de troféus e comemorar no mês seguinte. Ninguém suspira ao lembrar. Flamengo de 1981/83, 2019, Palmeiras da Parmalat, São Paulo do Telê, seleção de 82, essas sim, são equipes superlativas, encantadoras, que nos deixam apaixonados.

Por agora é isso.



segunda-feira, 20 de setembro de 2021

 AS FICHAS FLUTUANTES.

O universo bovino, a amplitude de suas pautas e o alcance do berrante.

 

Em tempos de fascismo emergente, conservadorismo pungente e conhecimento fugidio, temos o desenho crível de três posturas políticas gerais do brasileiro (obviamente existem mais). Desde já, povo reconhecido como exótico, de temperamento volúvel e visão turva.


O último sucesso nas passarelas foi o “facistóide” padrão, de compleição bovina e movimento “quixotesco”. Que me perdoe Dom Quixote, que definitivamente não merece a associação.

Em seguida temos o clássico modelo “antifascista”, mergulhado em angústia e perdido na iniquidade política do país.

E anunciamos, com galhofa e fogos, o último lançamento da moda, o “isento-murista”, ideário da 3ª Via, seguidor da linha tênue do liberalismo-conservador-isento-superior-nãopolarizado conhecido como “não tenho partido”, ou por “não tenho ideologia” ou ainda, “votei no Amoêdo”.

A despeito da gravidade, muitas “fichas” flutuam habilmente no cenário político e midiático brasileiro orientadas pelo ordenamento temático do movimento robótico nas redes sociais. Em relação a elas (fichas), os facistóides são absolutamente contrários, os antifas são absultamente favoráveis e os isento-muristas fazem muita força para dizer que não existem e se existirem, não é com eles.

Verificamos que possuímos uma grande incidência de pessoas que consideram-se “isento-muristas” na perspectiva de que estão fora da lama “polibióticamineralizada” em que nos atolamos. É uma galera que está acima do bem e do mal, refugiada num santuário de pretensa lucidez e compreensão.

Ocorre que, paradoxalmente, os modelitos liberalóisdes na economia e conservadores nos costumes, ou seja, terno na frente e bunda de fora nas costas, reverberam na maior facilidade o mugido do gado. De braços dados, facistóides e isento-muristas relacionavam-se tão intimamente que pareciam um só no alvorecer do tempo.

A duras penas, cruzamos o vendaval disforme de 2013, da copa e das eleições fantasmagóricas de 2014 para a direitola, esta, dando piti generalizado por ter perdido mais uma vez. Passamos pelo golpe e pela gestão de Nosferatu, sempre com promessas de leite e mel, e com o pagamento de sabugo velho. Os direitos foram caindo na mesma proporção que o saco de um bode velho, e nosso bolso foi esturricando na mesma velocidade que os bancos batem recordes de lucro.

E chegamos em 2018 jurando que já estávamos exauridos. Porém, muito mais estava por vir. Muitas ondas de mamadeiras de piroca, de escolas sem partido e de vírus chinês estavam nos esperando logo ali, dobrando a esquina, onde alguma sumidade gentílica oligofrênica ocupa-se em esculhambar Paulo Freire.

Os facistóides e os isento-muristas estavam felizes com a negativa de um certo Habeas Corpus de um certo ex-presidente que o impediu de concorrer às eleições. Eram dias de paz e harmonia com o STF e com a justiça e de elogios à legalidade no país. A exaltação das togas e o arrebatamento patriótico era o tema do sucesso.


Em ato contínuo, essa felicidade apoteótica foi estendida ao resultado das eleições, que foram mais controversas que virgindade em puteiro. Era um apontamento de dedo constante com acusações de estarem torcendo contra e imprecações de um futuro messiânico.

Não dá pra esquecer das previsões diárias da eclosão da mais pura cornucópia de prazeres, de economia fálica, rompendo todas as barreiras do enriquecimento coletivo. Era uma tele-sena horária de um tal de “tiramos o PT” e agora não tem mais corrupção, acabou a mamata.

De um lado Guedes, do outro Moro. Liberalismo e combate à corrupção. Tudo fofo! Agora vai! Tudo tão maravilhoso que haviam lágrimas patrióticas nos olhos de cada tiozinho saudoso da ditadura nos encontros da família.

Mas, inesperadamente para o bonde da bandeira nunca vermelha, começou o mimimi federal: não posso fazer nada, o Congresso não deixa, o problema é o centrão. Destaque máximo do carnaval, o puxador de samba Heleno de Tróia, com seu hit “Se gritar pega Centrão”, tocava em todas as rodas de samba patrióticas.

A “latumia federal” pariu atos antidemocráticos, que foram abraçados por facistóides com alvoroço e com reticência pelos insento-muristas.  Diante das críticas, o berrante vociferou que o problema era a mídia. O problema é que estão torcendo contra. O problema são os comunistas!

Faz mister compreender que a união das duas posturas vai erodindo sutilmente pela falta de robustez e pujança no campo econômico. A manada de zebus não entende nada do que estão repetindo, mas o percentual de nelores, que se julga wagyu, ficou cada vez mais desolado com o pobre garoto de Chicago.

A montanha russa de 2019 termina como começou, com promessas antigas, novas promessas e promessas ultra renovadas. A economia vai decolar! Não decolou, só para constar.

E foi aí que a China, aquele país malvado que tem pacto com o demônio comunista (igual ao Papa, que é um traidor comunista), manda um vírus letal para ferrar com todo o planeta. Aliás, ficaram muitas dúvidas se havia realmente um vírus, se ele realmente matava, e se aquelas milhares de mortes eram tudo mentira deslavada. O gado muge! Gripezinha! Histórico de atleta! Todo mundo vai morrer! A economia não pode parar! Salvem os CNPJs! Já os isento-muristas, não tão desenvoltos na ruminancia automática, limitavam-se a apresentar dúvidas. Essa vacina é segura? Essa tecnologia nova me parece perigosa! Isso veio de um laboratório! É guerra biológica!

O mundo treme e o Superjudgment Quackmoro sai do bonde! Fogo no parquinho! A união fica frágil. O gado ataca! Traidor! Canalha! Vagabundo! A dissidência sobre o grande muro da sapiência e isenção vive um festival de gritaria e dedo no cú.

Os mortos se acumulam. As mortes por problemas respiratórios indeterminados se multiplicam. Cloroquina! Cloroquina! Um bálsamo para a manada ávida de salvação. Ivermectina! Kit covid! Ozônio no cú!!!!! Ozônio sabor limão, sabor menta, sabor maracujá! Abaixo as ditaduras dos governadores e dos prefeitos!

Por via das dúvidas, a galera da isenção, tomou seu remedinho sem alarde, afinal, que mal tem né? Alguns morreram. Fazer o quê? Tem algum coveiro aí? Lamento.

A vida seguiu ladeira abaixo e as cosias tornaram-se cada vez mais complexas. Brotou do rejunte dezenas de pedidos de impedimento, todos devidamente refutados pelo rebanho e ignorados pela insentolâdia. A solução para essa crise comunista patrocinada pelo próprio Marx vindo direto da matrix foi pegar o Centrão, tascar um beijo bilionário neles e jurar amor eterno. Putz, fundiu as cabeças coroadas no pasto. Pânico no curral! Mas o bovino, antes de tudo, é um resiliente, e hoje, nem se preocupa mais em dar desculpa. A escalada de declarações de cumplicidade que começou com o antiguado “somos todos cunha” e que passou pelo “eu sou o caixa 2 do Bolsonaro” atingiu o mais alto grau de porralouquice no choro do estado de sítio do pica pau amarelo, mas é num capítulo mais adiante.

Não resistirei ao parêntese do: “eu sou o chifre do Bolsonaro”. Não vi faixa, mas com certeza ela existe em algum lugar desse brasilzão vida louca!

Retornando a nossa moagem de fatos, que gera resíduos para alimentação do gado, o fantástico mundo do muro achou ruim. Falaram cem chateação. Ameaçaram ficar “de mal”, mas seguiram utilizando clássicos como o “brasil não tem jeito”, “se eu pudesse ia embora”, “vai virar uma venezuela” e assim por diante.

Porém, isso durou pouco, porque no avanço dos inquéritos das Fake News e dos Atos Antidemocráticos o discurso volta a alinhar-se, se não na forma, mas no mérito. Afinal, esses malditos ministros do STF soltaram o demônio da cadeia, aquele ser bestial que tem o voto do populacho, inclusive do populacho direitoso. Aquele ser que atormenta as noites do liberalminions. Maldito STF!

Contudo, quando os power rangers de toga aliviam seguidamente para Flavim e família, não tem chateação. Talvez um leve bufar sobre a enorme parede que abriga aquela galera isentalóide. A STFcracia só incomoda quando fere os interesses, próprios.

E aquela vontadezinha de uma 3ª via direitosa que não passa? Golpe feelings! Saudade do Nosferatu!

No tempo do agora, a democracia brasileira, tão bobinha, sofre diariamente na “língua” desse povo, que planeja arduamente melar as eleições de 2022. Que deseja de coração a liberdade que só uma ditadura pode dar. Pelo voto impresso auditável e com apuração pública e com os G.I. Joe fazendo a segurança.

A moral da história é que o gado zebu dispensa argumentação, mas os isento-muristas, que tanto alardeiam independência, criticidade e visão além do alcance, que votou 17 ou se eximiu (isento raiz), mas que gabarita a pauta federal um dia depois do outro, na verdade tá mais para gado nelore, do que para outra espécie mamífera.

Certo é que ano que vem, todos choraremos, mas por motivos diferentes.


As fichas estão lá, mas teimam em não cair.


Uma produção dos Jedais



Tutorial:





quarta-feira, 5 de maio de 2021

Brincando com números do Flamengo

Hoje tem Flamengo na Libertadores. Enfrentaremos LDU na altitude. Time tem melhorado, mas só ofensivamente. Defensivamente estamos sólidos como uma chegadinha. Para quem não lembra ou não sabe o que é uma chegadinha (conhecida como casquinha ou beiju no sul-sudeste):

Chegadinha

É com essa força inquebrantável que nossa organização defensiva se assemelha.

Só reforçando. O Rogério Ceni, tratado por mim de maneira dúbia de Geni, tem o segundo pior aproveitamento dos técnicos do Flamengo nos últimos 10 anos. Só é melhor que o Reinaldo Rueda. Os dados foram levantados no fim da temporada passada e é certo que o carioca tem levantando as forças da classificação dele. Depois eu atualizo.

RANKING DE APROVEITAMENTO TÉCNICOS FLAMENGO

- Últimos 10 anos -

MELHORES APROVEITAMENTOS

Jorge Jesus (2019-2020)

81,3%

Abel Braga (2019)

71%

Carpegiani (2018)

70,6%

Dorival Júnior (2018)

66,7%

Domènec Torrent (2020)

64,1%

PIORES APROVEITAMENTOS

Maurício Barbieri (2018)

64%

Zé Ricardo (2016-2017)

62%

Jayme de Almeida (2013/2014)

62%

Vanderlei Luxemburgo (2014-2015)

60,5%

10º

Joel Santana (2012)

60%

11º

Jorginho (2013)

59,5%

12º

Vanderlei Luxemburgo (2010-2012)

58%

13º

Muricy Ramallho (2016)

58%

14º

Rogério Ceni

57.58%

15º

Reinaldo Rueda (2017)

52%

E isso tudo, tendo o melhor elenco e uma das melhores estruturas das américas. Coisa que apenas o Jorge Jesus (Ave JJ), e o Domènec podem ostentar.

Ganhou o Brasileiro com derrota, dependendo da atuação luxuosa do Cássio, goleiro do Corinthians dentro da casa do Internacional e a Recopa do Palmeiras, num jogo eletrizante(talvez o melhor do ano em termos de emoção), em que empatamos e só fomos campeões graças ao milagroso Diego Alves.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Flamenguices retroativas

 Agora, que eu estou namorando o retorno ao Blog, eu estou lutando contra a minha ânsia de 
"cobrir" a lacuna do tempo que eu passei sem postar. 

Estou negociando com meus problemas mentais para abordar algumas poucas coisas em retrospectiva, mas apenas quando for útil ao que quero falar agora. E falar sobre as coisas de hoje que precisam de ideias de 2018, já dá uma agonia. Já me dá vontade de deixar para lá.

Mas agora, em se tratando de Flamengo, vou falar várias coisas nos próximos dias e para elas ficarem redondas, vou retroceder até novembro de 2020, ou melhor, até agosto de 2020. Não vou focar no trabalho de Jorge Jesus, mas a partir da indicação do Dome para Técnico do Flamengo até sua saída e indicação do Rogério Ceni para o cargo que ocupa desde então.

Vou colocar agora, quase exatamente a mesa coisa que eu postei nos meus debates de Whats App em novembro de 2020.

De início, fui contra a contratação do Domènec Torrent (Dome). Ele era a pior escolha e foi a que fechou. Erro do Departamento de Futebol capitaneado pelo Braz e da Diretoria do Landim/BAP. O tempo demonstrou o fracasso dessa notória  falta de competência, entendimento e visão de jogo. Eu achava que pelo menos o Braz sacava da parada, mas hoje vejo que não. O time saiu de uma proposta tática encaixada de um 442  avançado e móvel para um jogo de posição de 433 no meio de uma pandemia e com um calendário alucinado. Foi a pior escolha roque a adaptação demora, e o Dome é muito inexperiente como comandante. Fritaram ele bonito quando os problemas apareceram.



Com o Dome, o Flamengo fazia muito gol e sofria muito gol. Todo os times treinados por ele foram assim (até então apenas 1). Como o Flamengo, foi praticamente o segundo time dele, ambos tem média horrorosa de mais 1 gol sofrido por partida. Então, estava muito óbvia a incapacidade do Dome de equilibrar o time defensivamente. E ele disse isso em entrevista, que preferia ganhar de 5x3 do que de 2x0. 

O esquema tático do Dome era "posicional" e não encaixou a defesa. Ele não arrumou a recomposição e assim nem defendia em linha, nem no "encaixe" e nem fazia por zona. As linhas ficavam descompactadas, os adversários conseguiam alternativas de passe e com isso desmontavam a defesa com facilidade. Não era culpa individual, era coletiva, ou melhor, do esquema.

Em contrapartida, individualmente ocorreram falhas demais. Muitas chances perdidas e erros bizonhos que nos custaram muita paz de espírito. Obvio que os zagueiros Léo Pereira e o Gustavo Henrique deitaram numa cama de jacas falhado individualmente, mas eles dois não foram os únicos (Gérson, Arão, Isla e Felipe Luiz vai não vai estiveram na merda também). Se temos zagueiros que não são bons no mano a mano e nem rápidos, eles obrigatoriamente necessitavam de cobertura e o esquema do Dome tinha... ops, não tinha nenhuma. Culpa do Dome. GH e LP tem os erros individuais, mas o esquema vai mal com eles em campo e sem eles em campo.

E agora uma dica: "Quando o zagueiro ou volante está correndo atrás do adversário com a bola dominada, o esquema defensivo já foi quebrado".

Não faltou exemplos de falhas no sistema defensivo do Flamengo na época do Dome. O comentarista Pedrinho, ex-jogador identificado com o Vasco da Gama, doutrinou no Sportv semana após semana e de quebra, mostrando que outros ex-jogadores comentaristas são muito limitados em termos de visão e análise tática.

Reconheço que o Dome foi a escolha possível, naquele cenário, mas não era a única. Poderíamos ter trazido o Miguel Angel mas ficaram com medo pela idade dele (tem 37). Os nomes desejados eram o Jardim, depois o Marco Silva (que não me agrada) e depois o Carvalhal. Dos três o Carvalhal era o menos badalado, era o meu preferido, e não veio devido a pandemia. Está certo ele. O brasileiro, mesmo com 165mil mortos (na época, já dobramos isso com folgas) estava cagando e andando pra pandemia. População, governo e o caralho, estavam pouco se fudendo, quem morrer morreu era o lema. O Carvalhal estava certíssimo em não vir se arriscar na roleta russa da pandemia, que só piora. Para surpresa de quem fantasiava que não seria igual o que todo mundo que tem informação e juízo sabia que seria, só piora ("gente burra tá em promoção"). Sobrou o Dome. O CARA ERA UMA APOSTA, que deu errado.



Diante dos resultados do Dome não havia caminho óbvio a seguir.

Manter (digo logo, era o que eu teria feito, pelo menos por mais uma semana) nos levariam a três problemas: brasileiro, copa br e liberta. Problema era não ter confiança em passar em nenhuma das copas e ficar fora do G4 do campeonato brasileiro, onde estávamos em 3º na época. Muito provavelmente iríamos nos ferrar na liberta e na copa br e teríamos muita chance de ganhar o brasileiro mesmo com o Dome. Mesmo vacilando no G4, poderíamos marcar mais gols que sofrer contra os menores. E por pontos corridos isso funciona, visto que todos os outros concorrentes oscilam. E foi exatamente o que ocorreu, mesmo demitindo. Ou seja, o cenário mais lógico com a permanência foi exatamente o que ocorreu com sua saída. Só que pagando dois técnicos.

Demitir (como foi a escolha), nos levou a dois problemas grandes: "fuder o projeto" e escolher um substituto. Eu explico.

Falando do Projeto, temos de entender que o Flamengo é POBRE no cenário mundial. Nós não temos MORAL NENHUMA fora do Brasil. Nem na América do Sul. Não temos porque ninguém confia no futebol brasileiro. A inconstância, a falta de estrutura, a falta de compromisso, a falta de pagamento e a burrice de cartolas e técnicos é notória. E é por isso que trazer um técnico como o Dome, de fora, com alguma grife herdada da moral do Guardiola, e demitir em menos de 120 dias levanta questionamentos se o Flamengo é um clube confiável. O projeto é dominar o Futebol Brasileiro. E para isso precisamos de um técnico de qualidade. E no Brasil, tirando os de fora, nenhum presta, ou pelo menos, nenhum está no nível que desejamos. Jorge Jesus PROVOU isso em 2019. Nem os comentaristas conseguiam explicar o que ele fazia taticamente e muito menos os rivais conseguiam replicar ou se defender disso. Mas eu falo do JJ outro dia (ah véi lindo!).

Então, o segundo problema é o pior dos dois, o substituto. Quem seria? Trazer alguém tampão até janeiro ou fevereiro, seria ridículo. Digno do Flamengo do Márcio Braga. Técnico que viesse ser tampão não seria bom, nem pro Brasil. Investir em técnico aqui... sinceramente, para mim é ridículo.

Melhores técnicos do Brasil na época eram o Coudet, Renato e Sampaoli. Nenhum viria. Thiago Nunes e Ceni não são de mesmo nível desses três. E o Nunes demonstrou que não estava pronto para um time grande. Ele necessitava de mais rodagem antes de assumir uma máquina quente. Ceni era o mesmo, sem falar que ele é uma estrelinha que jura de pé junto que é o sol! Antes do Flamengo ele teria que se tratar para parar de pensar que é Deus. Técnico de fora... temos pouquíssimas opções. E os livres ainda precisam querer vir, mesmo depois da demissão do Dome e da pandemia. Possibilidade mínima.

Eu me senti meio ridículo ao falar do Ceni como possibilidade na época, e isso foi no tempo que era apenas boato. Se fosse contratado e desse certo, eu admitiria meu erro. Mas ele foi contratado, e não tem dado certo na minha análise, mas muita gente jura de pé junto que tá uma belezinha. Eu achava que pegaríamos uma Ferrari F40 e colocaríamos na mão de um piloto que vai correr com ela como se fosse um Scort XR3 restaurado (ou um gol quadrado GTS). Porque o Ceni só jogava igual. As equipes dele quase não tem variação. E a desculpa da época, em que ele treinava o Fortaleza, era dizer que ele não tinha elenco e dinheiro, que isso e aquilo e aquilo outro. Para todos esses argumentos eu só tenho 1. Independiente Del Valle. Orçamento? Estrutura? Torcida? O caralho! Del Valle jogava muito sem ter nada disso. A folha salarial anual do Fortaleza era o dobro da folha do Del Valle.

Retranqueiro, limitado e sem criatividade. Jogava como time pequeno, e o FLAMENGO NUNCA SERÁ PEQUENO!

Braz ligou pra ele... e contratou. Provando que o Braz não entende de futebol, só de vestiário, bastidos e negociação.


Essa história continua, mais à frente.