quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Rangers, Ordem dos Arqueiros

É literatura infantil ou pré-adolescente. Destinado a leitores entre 10 e 14 anos. Mas é igualmente palatável para jovens um pouco mais velhos e com boa vontade de entender que algumas situações são mais amenas e ingênuas porque não foi escrita para adultos. Gostei.

Estou lendo o livro 5 de uma série de 10 livros até aqui (não sei se tem limite de volumes). Já se foram os livros 1, 2, 3 e 4 rapidamente. Não são volumes longos e podem ser lidos sem problema em quase todos os lugares. Foi escrito por John Flanagan, pelo que parece, para seu filho, como um forma de valorizar qualidades que não fossem força física e tamanho em heróis.


Tenho vontade de recomendar com ressalvas técnicas. A obra é boa e vale todas as milhares de cópias vendidas pelo mundo, mas a edição em português possui grandes problemas.

Apesar da bonita impressão e das capas interessantes a Editora Fundamento, que é a responsável pela edição brasileira, deixou-me profundamente decepcionado. A editora fez um trabalho de amador na tradução das obras. Falta um revisor técnico e um revisor de português. Até o quinto livro é constante deparar-se com erros de português terríveis. Os principais são sempre no mesmo ritmo: "levar ela" em vez de levá-la, "chamar ela" em vez de chamá-la, "carregar ele" em vez de carregá-lo, "encontrar ele" em vez de encontrá-lo e assim por diante de maneira renitente e insistente. E quando pensamos que são obras destinadas a jovens que estão ainda aprendendo a ler a coisa fica mais feia ainda. Os leitores da série ainda não sabem, em grande parte, identificar os erros contidos na obra e correm o risco de reproduzi-los. Em alguns raros momentos encontramos uma construção correta mas são tantos erros que não dá para atenuar a coisa.


A editora, aparentemente, economiza revisor e deixa todo a cargo do tradutor, que pode saber bem o inglês, mas escreve mal em português. Esse erro citado é comum em traduções literais pois a construção da expressão em inglês estaria correta. Tentei falar com a editora por e-mail, mas não consegui decifrar em seu site um endereço eletrônico ou forma de fazê-lo. Tem um telefone, mas não vou ligar para outro estado por isso.

Mas não é apenas o português que compromete a obra, ou melhor, a edição brasileira. Outro problema clássico de tradução é a utilização em vários momentos do conceito errado de "sub-consciente". Esse conceito psicológico não existe em português. O correto é Inconsciente. "sub-consciente" é uma tradução literal do inglês e remete a uma concepção de estrutura hierárquica rejeitada pela Psicanálise. Existe outros detalhes como a utilização do termo "estilingue" para designar uma "funda", que apesar de ser um sinônimo, não é preciso porque "estilingue" define outros tipos de armas artesanais diferentes da funda, perdendo uma excelente oportunidade de informar os jovens e qualificar sua linguagem.